segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Previsão de sismos

Fiquei profundamente chocado com a notícia da condenação por homicídio por negligência de cientistas italianos por não terem previsto o sismo de Aquila, ou melhor, por, segundo a acusação, 6 dias antes do terramoto terem, depois de um encontro, tranquilizado os habitantes com um relatório que subestimava os perigos que a cidade corria. Não sei absolutamente nada de sismologia e não tenho dados pormenorizados sobre a acusação nem sobre a sentença, mas sei que é voz corrente que é impossível prever com precisão a ocorrência de terramotos e que 5000 cientistas de todo o mundo escreveram ao presidente Giorgio Napolitano em defesa dos acusados exactamente com o argumento de que os sismos não podem ser previstos. Admito que o tal relatório fosse falsamente tranquilizador e que, embora sem segurança sobre a data e sobre o grau, talvez pudesse ser avaliado ser e cidade uma região de risco, até pela quantidade de edifícios antigos e, portanto, sem construção anti-sísmica, mas mesmo que se dessem estas circunstâncias, o que eu ignoro, parece-me a sentença desproporcionada e extremamente pesada. Calculo que, em sismologia como em outras situações de avaliação de riscos, os especialistas chamados a pronunciar-se hesitarão de futuro a aceitar o encargo ou então terão tendência a sobrestimar os riscos para não poderem ser acusados de negligência ou incúria. Se, por um lado, isto levará a mais precauções, por outro, estas precauções, que têm sempre custos e muitas vezes riscos, serão exageradas e até inúteis. É possível pensar que um relatório sobre o perigo de sismo eminente numa cidade, ou outro perigo julgado possível, poderá levar a evacuações da população que poderão, se a previsão estiver errada, ser completamente escusadas.

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