sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Eu bem dizia

É reconfortante quando vemos alguém com a importância dee Helena Garrido dar-nos razão:

Transcrito de O Insurgente:

«
“O fim das ilusões, o princípio das escolhas” de Helena Garrido (Jornal de Negocios)
Os salários dos funcionários públicos vão ter de ser cortados tal como as pensões de reforma, de forma definitiva. Esta é uma inelutável realidade. Simplesmente porque não há dinheiro. Nem parece que venha a existir tão cedo por via de um crescimento económico dourado. Não estamos a empobrecer simplesmente porque não tínhamos enriquecido.»

A "riqueza" em que pensávamos viver era uma ilusão. A crise só veio tornar impossível disfarçar a nossa pobreza.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Crimeia

Por curiosidade, levantada pela actualidade do que se passa agora na Ucrânia, fui fazer uma pequena busca sobre a Crimeia. O que li da história da Crimeia fez-me sentir muito feliz por ter nascido e viver no Estado Nação com as fronteiras mais antigas da Europa!

sábado, 22 de fevereiro de 2014

O País está melhor ou está pior

Vai para aí uma polémica sobre se o País está melhor ou pior. Claro que podemos argumentar que a pergunta posta assim não tem uma resposta única. Depende do ponto de vista, depende de que aspectos da vida do País consideramos mais relevantes. Há quem acredite que o País está melhor agora do que no início de 2011, mas que os portugueses individualmente estão pior. É uma resposta possível, mas que não me parece muito lógica.

Consideremos um exemplo de uma família, em vez de um país. Se em 2011 a família vivia com certo desafogo mas tinha acumulado uma dívida enorme e estava em risco de ter de entregar a casa ao banco por já não poder pagar a prestação, estava afinal numa situação quase desesperada. Mas conseguiu renegociar as condições do empréstimo e tem ido pagando uma prestação mais suave à custa de austeridade, os filhos vêem-se privados da semanada, vestem roupa já muito usada e deixaram de ter brinquedos novos e guloseimas. Do ponto de vista dos filhos, a família está pior. Mas os pais sabem que conseguiram evitar a perda da casa que os obrigaria a pedir aos pais do marido ou da mulher que os recolhessem em condições precárias para não dormirem na rua e eventualmente a uma separação dos filhos. Portanto do seu ponto de vista a família, menos com menos dinheiro, comendo pior e comprando menos brinquedos e outros objectos, está melhor, sobretudo se pensam que há alguma esperança de aumento dos rendimentos a prazo. Quem tem razão?

Com o País passa-se a mesma coisa. É uma visão limitada, para não dizer infantil, considerar que o País está pior porque existe mais desemprego e mais precariedade ao mesmo tempo que a dívida pública aumentou. Também, mesmo tendo tido cortes nos salários ou nas pensões, os portugueses não estão na verdade pior, porque a sua situação a prazo depende do estado do País. Alguns portugueses estão certamente em piores condições, designadamente os desempregados, mas também aqui para muitos a esperança de melhores dias aumentará com o crescimento da economia. É errado dizer que o que interessa não são os números, mas sim as pessoas, porque a vida das pessoas depende em grande medida dos números.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Certidões de óbito

Segundo uma notícia de há dias, os pais das vítimas do caso da praia do Meco não viram ainda satisfeito o seu pedido para serem constituintes como assistentes no processo porque ainda não entregaram certidões de óbito dos filhos. A ser verdade parece um daqueles casos em que a burocracia seria cómica se não fosse trágica: O processo refere-se à morte das 6 vítimas. Certo? Se não tivessem morrido, não haveria motivo para o processo. Os corpos foram encontrados e sujeitos a autópsia. Certo? Então para que são agora necessárias certidões de óbito? Não há a certeza de que morreram? Se se destinam a provar que os pais são realmente pais das vítimas, qualquer outro documento serviria, como certidões de nascimento ou até mesmo os cartões de cidadão. Mas mesmo isso deveria ser desnecessário, porque certamente no processo consta quem são os pais das vítimas. Se não consta, devia constar. De qualquer modo, se alguma certidão fosse necessária não deveria caber aos pais apresentá-la; deveriam ser as próprias autoridades a pedi-la. Certo?

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Seguro: enfim uma proposta concreta

António José Seguro, discursando no encerramento da conferência distrital sobre `Conhecimento e Economia do Mar´, integrada na convenção do Partido Socialista `Novo rumo para Portugal´, apresentou enfim uma proposta concreta: «a ligação de Sines ao mundo, por via marítima, e ligar Sines à Europa pela via ferroviária». Proposta muito original. Como é que ninguém ainda se tinha lembrado disso? Ninguém, claro, exceptuando o anterior Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, o Primeiro Ministro, vários economistas e muitas outras pessoas. Uma proposta muito original, se bem que já muito falada.

É justo reconhecer que Seguro acrescentou à sua proposta dois aspectos novos: 1) O «aproveitamento dos recursos do mar», ideia completamente inédita, não contando com as inúmeras vezes que tem sido adiantada, nomeadamente pelo Presidente da República; 2) Associar a plataforma logística que propõe para Sines «a criação dum espaço para a instalação de novas empresas de transformação de matéria-prima em produtos acabados ou semi-acabados». Esta sim, talvez seja original; pelo menos que me lembre ainda não a vi nem ouvi citada. E até pode ser uma boa ideia, embora um "espaço" deste tipo não tenha de se situar necessariamente em Sines. Resta saber que tipo de relacionamento teriam estas empresas com a actividade do porto de Sines e que matérias-primas serão aproveitadas para que produtos acabados ou semi-acabados.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Idos de Março em Fevereiro

Segundo a História, nos idos de Março, Brutus desfechou a punhalada fatal em César, depois de se conluiar com os conspiradores que combatiam o poder de César por o considerar excessivo. Nos idos de Fevereiro, outro César desfecha a punhalada, talvez fatal, em Seguro, ao criticar asperamente a liderança do PS e ao admitir que o lugar de Seguro pode não estar assim tão seguro se o PS não obtiver um bom resultado nas eleições para o Parlamento Europeu. Neste caso ninguém pode considerar excessivo o poder de Seguro, pelo contrário, o secretário-geral do PS é mais criticado por o seu poder ser frouxo.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Integração de novos alunos sem praxes

Muito se tem falado de praxes nas universidades nestes últimos tempos. Dei brevemente a minha opinião e, a menos que haja novos desenvolvimentos, não tenciono voltar ao assunto, porque já muito foi dito, muito com que concordo e algumas coisas com as quais já não concordo tanto. Mas há um aspecto que merece um comentário ditado pela experiência pessoal na questão da integração dos novos alunos na Universidade. Tem sido apresentado como um dos aspectos positivos das praxes académicas a promoção desta integração. Os caloiros seriam apoiados pelos veteranos para melhor se integrarem na vida académica. O que tem sido mostrado sobre as praxes aplicadas aos caloiros faz duvidar bastante desta afirmação, mas é de admitir que pode haver outros actos nesse sentido, para além das práticas humilhantes e de afirmação de dominação que têm sido mostradas. O único exemplo no sentido da integração foi mencionado pelo Presidente da Associação Académica de Coimbra no programa Prós e Contras na RTP na passada Segunda-feira, ao referir os saraus académicos que tendem a criar um ambiente mais receptivo para os caloiros. Admito que haja outros actos no mesmo sentido, mas recuso em absoluto que sem praxes a integração dos novos alunos fosse menos eficiente.

Como já disse, no meu tempo de estudante não havia praxes em Lisboa e considerávamos tais práticas uma tradição coimbrã que nos era estranha. Mas havia Semanas de Recepção aos Novos Alunos (não eram designados como caloiros por se considerar tal designação perjurativa) em todas as faculdades e institutos, com diversos actos dirigidos a apoiar a integração e a mostrar como era o ambiente estudantil.

Para exemplo, mostro a programa da Semana de Recepção aos Novos Alunos do IST referente ao ano de 1963.




Shirley Temple

Morreu Shirley Temple, a menina Shirley, como era conhecida das crianças no meu tempo de criança. Lembro-me bem dela. Eu era muito miúdo e nem sei em que filmes a vi, mas era uma figura muito bem comhecida. Nesse tempo não havia limite de idade para ir ao cinema, por isso penso que vi algum ou alguns filmes dela antes de poder recordar mais do que a figura de uma menina linda com o cabelo cheio de caracois. Mas faz parte do meu passado. Dizem que continuou a carreira de actriz até 1949, mas a minha recordação dela termina bem antes. Depois tive notícia da sua segunda carreira como diplomata, mas há muito que ignorava se ainda exercia, se era viva ou não. Soube agora da morte. Gostarei de rever, se se der a oportunidade, algum dos seus filmes de actriz infantil prodígio.

Escolhi propositadamente uma fotografia, das muitas disponíveis na net, em que a "menina Shirley" não se apresenta com o seu sorriso de criança nem a fazer carinha de admirada, mas antes com um ar sério e pensativo, que acho mais revelador da sua beleza infantil.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

100 000 abortos!

Oiço na TV que já se realizaram 100 000 abortos em Portugal desde o referendo que descriminalizou este acto. Quer dizer, com o gravíssimo problema da reduzida natalidade, com a população a decrescer, andamos, nós os contribuintes, a pagar para matar 100 000 futuros bebés.

Irão traça "linhas vermelhas" em Portugal

A distribuição de notícias por grupos no Google Notícias continua mais ou menos aleatória. Hoje, a notícia de que o Irão traça as suas linhas vermelhas é integrada no grupo "Portugal". Na rubrica "Ciência", além de notícias sobre GPS e telemóveis, informa-se que a Força Aérea portuguesa busca um tripulante dum navio mercante, que terá caído ao mar. São muito positivas estas acções da Força Aérea, mas não vejo o que terão de científico. Em "Entretenimento, inclui-se a notícia de que os tribunais não conseguem cobrar a maior parte das dívidas das empresas. Com o que eles se entretêm!

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Miró é entretenimento!

Sâo no mínimo discutíveis os critérios de classificação das notícias no sítio Google Notícias. Nalguns casos são mesmo disparatados, de tal modo que julgo que essa classificação não é feita por humanos mas sim por algum algoritmo com base em palavras chave, mas muito mal construído. Vejamos exemplos de hoje:

Na rubrica "Notícias do dia", há de tudo, desde que actual: notícias da actualidade nacional e do estrangeiro, política e outros temas, incluindo desporto. Até aqui, tudo bem. Mas o grupo "Mundo", tem, como o nome indica, notícias do estrangeiro, que também são normalmente do próprio dia. Não se compreende porque é que algumas notícias do estrangeiro são inseridas em "Notícias do dia" e outras em "Mundo". O mesmo se poderia dizer das notícias nacionais, divididas entre "Notícias do dia" e "Portugal", mas aqui, pelo menos hoje, começam os disparates: Uma notícia sobre as escutas da NSA foi inserida em "Portugal", sem fazer qualquer referência ao nosso país. Em "Negócios" vêm notícias económicas nacionais, o que é natural, mas já em "Ciência" há uma notícia sobre a aplicação 5i lançada pela RTP, que terá algum aspecto tecnológico mas nada tem de científico, e outra ainda menos ligada a ciência, sobre a página do Facebook "Vi-te no Comboio". Que ciência há neste caso? Na secção "Entretenimento" temos 1) o Festival Optimus Primavera (bem), 2) a opinião de Canavilhas sobre a colecção Miró (Considerar a arte de Miró como entretenimento é uma ofensa à pintura. Pode-se não gostar de Miró, mas entretenimento é que não é. Que pensará Canavilhas disto?), 3) o caso de um bombeiro ferido com gravidade na sequência de uma colisão (Calculo que o bombeiro não tenha ficado nada entretido...), 4) a notícia de que o vocalista dos Beady Eye já não vem a Lisbo (bem). De entretenimento temos 50%. O resto é hoje pacífico: Em "Desporto" há desporto, em "Saúde" há saúde, mas nem sempre á assim.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Tratar os bois pelos nomes

É de admirar que não tenha ainda havido comentários, protestos ou acusações sobre as declarações de Nuno Crato no International Club of Portugal, quando disse que o país vive num sistema que classificou de extremamente centralizado e acrescentou: "É um sistema de patrão único, quase soviético e com um sistema quase soviético também a oposição sindical é quase soviética ou mesmo soviética".

Não é a primeira vez que Crato critica os sindicatos do seu sector, mas estas afirmações são mais acutilantes. Mas, na minha opinião, não são chocantes, são apenas uma constatação da situação real. Nem todos têm tido a coragem de chamar os bois pelos nomes.

Miró

Já que todos falam no Miró e todos têm opinião firme sobre a conveniência ou o desastre, conforme os casos, de trocar as suas obras ex-propriedade do BPN por patacos (muitos patacos, mas uma gota de água comparado com o que o BPN nos está a custar), não vejo como não dar também a minha opinião sobre Miró e a sua obra. Leio no 31 da Armada: «Miró era um surrealista, mas o caso das obras que pintou e foram parar às mãos do BPN e, depois, às do Estado português, é um retrato neo-realista, do mais cruel, da contemporaneidade nacional.» Ora aí está. A primeira vez que ouvi uma jornalista dizer que Miró era surrealista, pensei que a senhora sabia pouco de arte. Afinal eu é que estava enganado; todos afirmam que era mesmo surrealista, o próprio, ao que parece se considerava surrealista. Para mim o surrealismo era mais como os quadros de Dali ou os desenhos de Cruzeiro Seixas: reconhecem-se os corpos e os objectos, só que a combinação destes é fora da realidade comum, por isso é surreal. O Vespeira também é considerado surrealista, e admito que com certa razão, embora em geral as formas dos seus quadros sejam menos reconhecíveis, mas insinuam qualquer coisa. Já os quadros de Miró não representam coisas reais nem surreais, são formas quase sempre irreconhecíveis e que nada insinuam. Se Miró pretendia representar qualquer coisa, para mim não conseguiu. Claro que esta é a opinião de um ignorante em arte.

Surreal é mesmo a controvérsia do vende, não vende, leiloa, não leiloa. Alexandre Borges, no 31 da Armada, acha o caso neo-realista. Para mim é mesmo surrealista. Não Miró, não os quadros, mas a controvérsia. Por isso ligo tanto ao caso como o gato do meu filho.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Poucos predicados

É frequente os jornalistas porem de lado a obrigação de informar sem tomar partido. Por vezes basta um adjectivo ou um "mas" para deixar transparecer a sua opinião pessoal sobre um acontecimento, uma personagem ou um grupo, fugindo à regra de neutralidade e independência no acto de informar.

Há 2 dias ouvi uma notícia sobre uma manifestação de extrema-direita na Grécia em que o jornalista classificou de "sujeitos de poucos predicados" os manifestantes. Confirmei agora essa classificação na notícia piblicada na net no sítio da Euronews. Posso comungar com o jornalista na pouca simpatia pela extrema-direita grega ou sobre a extrema-direita em geral. Mas notícias não são comentários e não devem ser influenciadas por simpatias ou antipatias nem por posições políticas. Quem na Euronews tem competência para fazer juízos sobre os predicados dos "sujeitos" que se manifestaram? De que modo se chegou à conclusão de que os "cerca de 3000 sujeitos" teriam poucos predicados? Se logo a denominação de "sujeitos" não é habitual e não parece ser de grande delicadeza, o julgamento sobre os predicados de 3000 manifestantes parece abusiva e mais ditada pela posição política do redactor do que por qualquer conhecimento sobre as qualidades ou defeitos dos sujeitos.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Praxes II

Em poucas palavras, está quase tudo dito:

«Para lá dos casos de polícia, reservados aos verdadeiros tribunais, a praxe é um caso de indigência mental»

Visto em Combustões, tirado do "Açoriano Ocidental".

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Luta

A CGTP continua a promover jornadas de luta, felizmente muito pacíficas, e cada vez menos populosas. A comunicação social refere milhares em Lisboa e milhares no Porto, mas mais especificamente menos de 400 participantes em Faro, cerca de 200 em Coimbra e 30 em Vila Real. As imagens confirmam a pequena participação. Absolutamente nada comparado com as grandes manifestações de há meses. Apesar da insignificância das consequências práticas destas "formas de luta", resolveu convocar uma semana de luta lá para Março. O próprio discurso de Arménio Carlos revela cansaço e falta de ideias novas. Se não mudarem de estratégia não se vê bem para que continuam a fingir que lutam.