sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Objectivo geral das autárquicas: abater Passos Coelho

Aproveito alguns minutos antes da meia noite para revelar a minha estranheza para o debate eleitoral para as eleições autárquicas de amanhã se ter tornado quase exclusivamente num pretexto para prosseguir e ampliar o objectivo de abater o actual líder do PSD. Já vem de longe uma campanha feroz contra Passos Coelho. Durante a crise e no período em que éramos  supervisionados pela troika esse ataque parecia natural porque a política seguida, embora tivesse sido negociada pelo Governo de Sócrates, levava a grande descontentamento e o Governo de Passos era considerado, erradamente, o grande responsável. Mas depois da saída da troika, e apesar do início com algum vigor da recuperação económica no fim de 2013 e mais acentuadamente em 2014 e 2015, os ataques prosseguiram e Passos foi acusado de ser mau Primeiro Ministro e mau líder do PSD. O furor foi-se acentuando e a aproximação das autárquicas levou à situação actual em que parece que é Passos Coelho o responsável de tudo o que de mau pode acontecer, sendo premente, a nível nacional, evitar de qualquer modo que possa votar ao poder, e, a nível partidário, apeá-lo de líder do PSD.

Pois não hesito em afirmar que, para mim, Passos Coelho é, de todos os políticos no activo, o que tem mais categoria de estadista, que, independente dos resultados destas eleições locais. E parece-me que a violência com que alguns o atacam tem a ver, pelo menos inconscientemente, com ter recusado atacar a Altice no seu projecto editorial em Portugal, ao contrário do que tem feito a generalidade dos jornalistas dos grupos concorrentes.

Víbora no Parque Tejo

Não será certamente uma ameaça séria. Talvez nem sequer seja uma notícia inesperada. Mas o certo é que apenas tinha visto uma víbora viva em liberdade quando em jovem praticava atletismo nos terrenos do Estádio Nacional, há cerca de 60 anos. Inesperadamente encontrei agora uma num dos caminhos do Parque Tejo, em pleno Caminho dos Estorninhos. Tirei uma fotografia para testemunhar o achado.



Não sei se representa grande perigo, já que a picada da víbora só excepcionalmente é mortal para o homem, mas não deixa de ter consequências. Nunca tinha pensado ir passear descalço, muito menos pelos extensos relvados que rodeiam as veredas do parque, mas a partir desta descoberta vou ter mais cuidado, cuidado que recomendo também a todos os que forem passear por este parque.

Menos assustadora é a gaivota que apanhei pousada a descansar no cimo de um tronco.


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Negócios da semana

Porque será que a SIC-Notícias prevê na sua programação de todas as Quartas-feiras o programa de José Gomes Ferreira "Notícias da Semana", mesmo quando há jogos importantes de futebol nesse dia e é de prever que à hora a que o programa deveria ir para o ar é mais importante, ou pelo menos atrai mais audiência, dar ou continuar da hora anterior debates sobre os jogos de futebol que tiveram lugar? A anulação de programas previstos e anunciados irrita-me profundamente. Uma vez cheguei a telefonar para a SIC para protestar terem retirado um programa que me interessava, para apresentar um debate sobre futebol... De que havia de ser, senão de futebol? Pois o interlocutor amável que me atendeu justificou o acto por a televisão ser uma coisa viva, sujeita a alterações sempre que seja para o interesse do público. Não justificou porém porque não avisam com antecedência nem accionam a alteração da programação anunciada nos sites das empresas de televisão por cabo. Também não justificou porque sacrificam algum público, como eu, em favor de outro, como os apreciadores de futebol, público sempre mais favorecido.

Nota: Hoje o que acaba de acontecer não foi substituir o Negócios da Semana por programas sobre futebol. O programa de futebol que estava no ar antes das 23 h continuou durante alguns minutos, mas depois apareceu o José Gomes Ferreira, não a apresentar o seu programa habitual, mas sim a comentar o estudo económico do economista Trigo Pereira e colegas e a comparar as opções propostas por esse programa com a política económica seguida pelo Governo. Em vez de 1 h de programa, tivemos quase 20 minutos. De qualquer modo, houve uma alteração profunda da programação sem qualquer aviso ou explicação. Quando os telespectadores podem hoje marcar a gravação de programas para os poderem ver mais tarde a horas que lhes são mais favoráveis, estas alterações sem aviso são muito inconvenientes.

domingo, 24 de setembro de 2017

Catalunha 3

Ainda a propósito dos antecedentes históricos da actual tentativa da Catalunha de conquistar a independência em relação à Espanha, transcrevo um pequeno trecho da obra "História concisa de Portugal" de José Hermano Saraiva sobre o assunto:

"Em Junho de 1640, [na Catalunha] uma multidão de ceifeiros (ou segadores), que, segundo uma velha tradição, visitava Barcelona no dia do Corpus Christi, amotinou-se, incendiou os arquivos públicos e matou o governador castelhano. Todo o condado aderiu imediatamente à revolta e pediu o apoio militar da França. O rei de França, Luís XIII, foi proclamado em 1641 conde de Barcelona.
O Governo de Madrid decidiu esmagar a revolta e ordenou a mobilização dos nobres portugueses para acompanharem o rei durante a guerra da Catalunha. Essa ordem serviu de causa imediata à revolução portuguesa."

Este episódio é abordado pela Wikipedia que descreve com algum grau de pormenor a história da Catalunha desde os primeiros povoamentos no paleolítico. Na edição da Wikipedia em inglês há também referência à revolta dos ceifeiros, que é ainda desenvolvida em entradas próprias, quer na versão portuguesa (Guerra dos Segadores), quer na em inglês (Catalan revolt). Curiosamente, ou talvez não, a versão espanhola da Wikipedia apresenta o capítulo sobre a história da Catalunha muito mais resumido e sem qualquer referência à revolta dos ceifeiros ou a qualquer outra tentativa de separação da Espanha. Em contrapartida, a versão em catalão tem amplas referências a diferentes períodos da história da Catalunha, incluindo o da Idade Moderna, que por sua vez faz referência a um artigo específico sobre a Guerra dels Segadors.


Revolta dos Segadores

Note-se que a Catalunha estava integrada no reino de Aragão, de que era parte principal, até à união deste com Castela, em virtude do casamento dos reis católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela em 1469, levando à criação do reino de Espanha.


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Catalunha 2

A tensão entre o Governo espanhol e os independentistas da Catalunha tem vindo a agravar-se a ritmo alucinante. Não tenho posição nem simpatias por qualquer dos lados em confronto. Por um lado, lembro os 60 anos de domínio filipino sobre Portugal, relembro a rebelião de 1640 (refiro-me à rebelião na Catalunha) e reconheço que a nossa restauração e libertação do domínio espanhol foi, em parte, favorecida pelo facto de Filipe IV (de Espanha) ter de ocupar tropas a sufocar os catalães. Daí resulta uma certa simpatia pelos catalães com que nos sentimos um tanto irmanadas. Mas estes acontecimentos históricos já vão muito longe, e agora é difícil ajuizar se o desejo de liberdade da Catalunha faz algum sentido e se não seria melhor negociarem uma maior autonomia. Se a Espanha fosse um estado federal, com as regiões como estados de direito, talvez como os cantões suíços, poderiam ter governos próprios com mais liberdade. O certo é que tanto do lado do Governo de Espanha como dos independentistas da Catalunha tem sido dados passos que não facilitam qualquer solução negociada. E quando nos lembramos de casos com algumas semelhanças, como o do Quebec no Canadá e o da Escócia no Reino Unido, em que os referendos foram realizados com autorização dos governos centrais respectivos, é forçoso concluir que o caminho escolhido pelos catalães não é o melhor e que a reacção de Rajoy também é desastrosa.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Catalunha

Será que Rajoy não se apercebe que ao usar demasiada força, apreendendo boletins de voto e prendendo altos responsáveis catalães, pode estar a provocar uma reacção nos potenciais votantes no referendo que tenha como resultado um aumento significativo dos votos favoráveis à independência da Catalunha? Se bem que se escude na constituição, na lei e em decisões judiciais, a violência da acção da guarda às ordens de Madrid só poderá potenciar as opiniões contrárias, mesmo em cidadãos que estariam, sem esta acção, mais inclinados à abstenção ou ao voto contra.

Vistos gold e xenofobia

Segundo o Jornal de Notícias, Catarina Martins teria insistido no fim dos vistos gold alegando que,  além de provocar a especulação imobiliária, serve ainda "para lavar dinheiro de esquemas de corrupção".

 A ser verdade, espanta-me porque é que Passos Coelho é acusado pelo BE de racismo e xenofobia por criticar as alterações propostas à lei da imigração e ainda ninguém ter considerado as afirmações de Catarina Martins como racistas e xenófobas (No caso de racismo, certamente que Catarina não merece críticas, pois, tal como Passos Coelho, não há nada relacionado com raças humanas nas respectivas questões, mas a relação com xenofobia parece-me óbvia).

Também me espanta que o candidato do PSD à Câmara de Loures continue e ser acusado também de racismo e xenofobia por generalizar para uma determinada etnia considerações sobre comportamentos que comprovadamente alguns membros desta etnia seguem. Exactamente o mesmo tipo de generalização que a coordenadora do Bloco de Esquerda faz, não em relação a uma etnia, mas em relação a todos os requerentes de vistos gold. Serão todos corruptos? Isto não é autêntica xenofobia?

domingo, 17 de setembro de 2017

Retrato em alta definição da Dona Geringonça

O Primeiro Ministro António Costa deu uma entrevista ao DN, o Ministro das Finanças, Mário Centeno deu uma entrevista à RTP, mas mais importante do que disseram e prometeram é o artigo de João Cortês n'O Insurgente, que escalpeliza em pormenor a acção do Governo da Geringonça e apresenta uma lista pormenorizada das principais medidas que o dito tem tomado desde que tomou posse mercê de um truque - legal,  mas que não deixa de ser truque. Esta lista, que classifica o tipo e o carácter positivo ou negativo de cada medida com gradações e consequências, deve ser lida, meditada e guardada por todos os que se interessam pelo modo como o País está a ser conduzido.

Não resisto a transcrever alguns parágrafos do artigo, mas esta transcrição não deve evitar a sua leitura na íntegra:

"Não se pode comparar a governação durante um período de recessão ou de execução de um programa de ajustamento (no caso do governo anterior, existia a obrigação de cumprir um programa de ajustamento negociado e acordado pelo partido socialista liderado então por José Sócrates). Alguém dúvida que se o partido socialista tivesse vencido as eleições em 2011 a política “austeritária” conduzida teria sido muito diferente? Um país falido e endividado até aos limites tem sempre poucas opções. O governo da geringonça quando tomou posse, Portugal já tinha saído do programa de ajustamento (uma saída “limpa”), reformas importantes (mas insuficientes no meu entender) já tinham sido realizadas, e já se observava uma tendência clara de recuperação económica, quer por via do crescimento económico, quer por via da recuperação de emprego. O governo da geringonça beneficiou ainda de condições favoráveis excepcionais das quais destaco:
  1. o crescimento generalizado das economias europeias, americanas e asiáticas (algo que por si só favorece as exportações e o investimento estrangeiro).
  2. taxas de juro extraordinariamente baixas, devido essencialmente ao programa de quantiative easing do Banco Central Europeu.
  3. o crescimento do turismo, não só pelo aumento da quantidade e qualidade da oferta (para que muito contribuiram as companhias aéreas low cost), mas também pelo aumento da procura resultante do facto de outros destinos tradicionais se terem tornado muito pouco atractivos por motivos de segurança.
  4. a queda do preço do barril de petróleo que reduz o défice da balança comercial e liberta recursos financeiros para serem aplicados em outras actividades económicas.
De salientar que, dada a conjuntura favorável, este seria o momento ideal para realizar todo o género de reformas estruturais. Ao invés de aproveitar esta oportunidade, o governo optou por reverter algumas das reformas do governo anterior e manter o status quo o mais possível, privilegiando sempre uma política de curto prazo (num concurso de popularidade e de compra de votos com o objectivo de se manter no poder) em detrimento do longo prazo, como explicarei neste post. Ao mesmo tempo, a dívida pública este ano atingiu valores recorde em termos absolutos e em proporção do PIB.
Devo notar também que a popularidade da geringonça também se deve ao facto de termos um presidente da república mais interessado na sua popularidade e em evitar conflitos do que em desempenhar a sua função; e a uma comunicação social que de forma muito geral, é acrítica e aceita passivamente todo o tipo de vacuidades produzidas pelo governo; e que objectivamente privilegia e favorece a esquerda. Sobre a parcialidade da comunicação social, basta fazer um exercício mental para imaginar como é que os casos das 65 mortes nos incêndios de Pedrógão Grande; o recorde da àrea ardida pelos incêndios em 2017 ; ou o roubo de Tancos seriam tratados caso estivessemos perante um governo de liderado por Passos Coelho."

Esta longa transcrição é apenas uma pequena amostra.