sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Medina Carreira

Sou dos que seguiu com grande interesse as ideias expressas pelo Dr. Medina Carreira desde há muitos anos e especialmente na parte final do consulado de Sócrates no programa Plano Inclinado de Mário Crespo. Dizia verdades que poucos gostavam de ouvir e alertava para os problemas que se avolumavam. Apesar da mudança de governo e da alteração profunda de políticas, continuou a criticar aspectos que mereciam crítica no programa Olhos nos Olhos com Judite Sousa. Mas pouco a pouco foi perdendo para mim o interesse, talvez em parte porque repetiu os mesmos argumentos e abordou outros mais gerais que, sem deixarem de ser importantes, não eram prioritários perante a situação de crise. No entanto continuou uma voz interveniente e lúcida que, para além de criticar, apontava por vezes caminhos que mereciam ser ponderados.

Foi pois para mim uma desilusão ouvi-lo afirmar que o actual Governo está desacreditado (não sei se foi exactamente esta a expressão, mas creio que foi equivalente) e que devia ser demitido e substituído por um novo governo de iniciativa presidencial, mas no actual quadro parlamentar e com aprovação da maioria dos deputados. Ao contrário do que MC preconiza, parece-me que qualquer mexida no Governo antes da aprovação do Orçamento de Estado para 2013 seria um desastre. Mesmo depois desta aprovação, não creio que seja necessário nem sequer aconselhável uma mudança de governo. Apesar de muitas vozes, à esquerda e à direita que reclamam a remodelação do Governo imediatamente ou a prazo e que preconizam a queda do Governo por estar "moribundo", "estraçalhado", etc., creio que o Governo não necessita mudanças, e agora, depois de aprovada em Conselho de Ministros a Proposta de OE 2013 ainda mais o creio. Por outro lado não vejo qualquer possibilidade de obter aprovação no Parlamento para um governo de iniciativa presidencial ou mesmo de um novo governo negociado entre partidos que possam constituir uma maioria, seja PSD+CDS, como o actual, seja PSD+PS. A proposta de MC parece-me não só despropositada como mesmo inviável. E é com pena que o digo.

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