sábado, 27 de agosto de 2011

Périplo de Passos e reunião internacional

As TVs noticiam laconicamente que na próxima semana, que começa dentro de minutos visto que escrevo sábado à noite, o nosso primeiro fará um périplo pela Europa durante o qual se encontrará com Zapatero em Madrid, com Angela Merkel em Berlim e finalmente com Sarkozy com quem estará presente numa "reunião internacional". Ninguém, que eu saiba, explicou qual a finalidade deste périplo nem de que "reunião internacional" se trata. Reuniões internacionais há muitas, mas não consegui obter qualquer notícia sobre esta. Claro que, estando Passos Coelho e Sarkozy presentes, já é uma reunião internacional, mesmo que mais ninguém participe, mas como só no caso de Sarkozy se usa essa expressão presumo que haverá outros participantes de outros países, mas quais e para quê é mistério. Curioso como nenhum jornalista pôs estas interrogações, como se noticiar que haverá uma reunião internacional com a presença do Primeiro-Ministro português sem acrescentar mais sobre o organismo que a promove, se a reunião tem um nome, uma agenda e uma finalidade, fosse a coisa mais natural deste mundo.
Esperemos que durante os próximos dias venhamos a saber a resposta a estas interrogações.

Alemanha e 2.º resgate de Portugal

O Vice-Ministro alemão das Finanças considerou, numa entrevista à Reuters, que é absolutamente prematuro falar sobre a possibilidade de um 2.º resgate a Portugal, visto que há um novo governo, que o programa de recuperação ainda está no início e que parece que as autoridades portuguesas têm vontade e são capazes de terem êxito no cumprimento deste programa.

Curiosamente não vi, não li e não ouvi qualquer referência a esta entrevista nos meios de comunicação portugueses, o que não quer dizer que não tenha havido, mas certamente sem a divulgação que merecia. É pena, porque, no meio de tantas más notícias, bem precisamos de uma notícia positiva.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Os ricos e a crise

A ideia de que os ricos podem ajudar a combater a crise está-se a espalhar rapidamente por todo o mundo. Como extensão fala-se que se devia obrigá-los a ajudar a resolver a crise da dívida pública excessiva taxando-os para que, com as receitas assim arrecadadas, esta, e em consequência a dívida soberana, diminua mais rapidamente. Não sou em absoluto contra esta ideia, mas admira-me o modo como se expande de país para país e como os meios de comunicação a discutem me a defendem, exibindo com algum grau de voyerismo a riqueza dos mais ricos, estrangeiros e nacionais, os respectivos patrimónios e rendimentos, o que disseram sobre o assunto, se são contra ou a favor, com entrevistas, declarações de responsáveis internacionais e muita confusão. Sim, confusão, porque não se distingue bem taxas extraordinárias, para resultados imediatos, ou novos impostos para ficarem, taxação de rendimentos ou taxação de património, entre os rendimentos se se deve distinguir os que já são taxados, se a taxas progressivas ou a taxas liberatórias, e os que não estão sujeitos a impostos, no caso do património se se inclui o património imobiliários ou se só o mobiliário. Também não se diz como são estes rendimentos ou patrimónios taxados actualmente nos diversos países, logo não é possível avaliar da justeza de novas taxas.

Também não vi ninguém discutir a possibilidade de aumentar a fuga de capitais, nomeadamente para paraísos fiscais, nos países que aplicarem tais medidas. Nem vi considerar o efeito negativo sobre a poupança, que deveria ser promovida. Muito menos vi uma discussão séria sobre o nível de riqueza que seria justo ou útil submeter ao novo imposto.

Sobre o assunto tenho uma proposta: Que, no caso de se avançar para um imposto adicional sobre os rendimentos muito elevados, se isentem aqueles que se destinam a investimentos produtivos. Talvez assim não se facilite a redução das dívidas públicas, mas certamente se promoveria o investimento.

Por último, trazer à lembrança o slogan do PREC "Os ricos que paguem a crise!" só pode baralhar as ideias. Até porque as fortunas dos ricos, mesmo que taxadas a 100% se tal fosse possível, não chegavam para pagar a crise. A crise actual é mesmo muito cara!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Confusões entre energia e potência

O interessante blog Astropt reproduz informação sobre o Sol (Everithing under the Sun). A informação é muito interessante. Só é pena estar tudo em unidades americanas. Uma das coisas que me custa compreender é como uma nação tecnologicamente tão adiantada como os EUA não são capazes de passar a usar o sistema métrico!

Mas mais grave do que isso é o que me parece um autêntico disparate científico: A informação, entre outras coisas afirma na secção "Reach" :
“Amount of solar energy every square meter of Earth’s surface receives over the course of a 24-hour day: 164 WATTS. Imagine a 150 Watt table lamp on every square meter of the Earth’s surface.“
(Aleluia, aqui usaram o sistema métrico!) Ora o Watt não é uma unidade de energia, mas sim de potência. A unidade SI de energia é o Joule, que é igual a 1/3600 Wh (Watt.hora, que, esta sim, também é uma unidade de energia, não SI, mas muito usada, inclusivamente nos nossos contadores e nas nossas facturas de electricidade).

Por coincidência, vi e ouvi o mesmíssimo disparate hoje no canal Discovery no programa Futuro Energético. Várias vezes referia a energia consumida pela humanidade em Watts. Para um programa científico, embora de divulgação, devia haver mais cuidado.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

AA+ revisitado

Afinal na segunda-feira as TVs acordaram para a importância da baixa de notação da dívida dos Estados Unidos. Mesmo com um assunto mais candente, os tumultos de Londres, a classificação dos EUA pela S&P encheu um importante tempo de antena nos noticiários de todos los canais. Pena é que a profundidade da informação fosse na sua maioria reduzida, dando muita importância ao discurso de Obama e completando com algumas declarações bastante gerais de comentadores financeiros.

domingo, 7 de agosto de 2011

AA+

É espantoso como os noticiários nacionais das nossas TVs dão uma importância mínima à descida de notação da dívida americana para AA+ por parte da S&P, como se não soubessem que as graves consequências desta descida histórica podem espoletar uma segunda crise mundial, segundo alguns economistas mais grave do que a que resultou da falência do Lehman Brothers, que pode arrastar boa parte da economia mundial para a recessão e condicionar longamente a nossa qualidade de vida. Talvez por ser fim de semana e os principais jornalistas estarem a gozar merecidas férias, o facto é noticiado brevemente como se se tratasse de um pormenor sem importância, sendo antes dado relevo a um qualquer jogo do Benfica, a desacatos no Bairro do Mocho e a outros acontecimentos de equivalente relevo mundial...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A sociedade americana segundo Obama


O acordo obtido há poucos dias pelo Congresso americano sobre o aumento do limite da dívida e o modo de o financiar foi por muitos considerado uma derrota de Obama. Não estou bem ao corrente dos meandros da política americana para saber se têm razão, mas é significativo que muitos democratas, principalmente na câmara dos representantes, tenham votado contra, ao passo que os que de entre os republicanos tomaram a mesma atitude foram muito poucos. O acordo, portanto, agradou mais aos representantes dos republicanos do que aos do Partido Democrático, o partido de Obama. Porém os noticiários da Euronews, que sempre me pareceram parciais em questões políticas, afirmaram que o acordo tinha sido uma vitória de Obama.

Derrota ou vitória, não há dúvida que Obama tentou tirar dividendos no discurso em que louvou o acordo que lhe terá eventualmente desagradado. Mas o que mais me chamou a atenção foi uma questão absolutamente secundária, mas que revela o que Obama pensa sobra a estrutura da sociedade americana. Afirmando que todos os americanos tinham ganho com o acordo, Obama resolveu especificar: "... brancos, negros, hispânicos, latinos, americanos nativos, homossexuais e heterossexuais...". Não sei porque esqueceu Obama os bissexuais e os transgénero (A ILGA não deve ter gostado). Mas já que além das etnias que são mais importantes na sociedade americana achou por bem incluir outros tipos de classificação dos cidadãos, não teria sido mais natural referir, por exemplo, mulheres e homens, novos e velhos, ricos e pobres, ou mesmo altos e baixos? Porquê privilegiar a orientação sexual?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Congresso americano deixa passar acordo

Acabo de ver a votação na Câmara dos Representantes em que foi aprovado por larga maioria o acordo sobre o aumento do limite da dívida. Os democratas tiveram alguma relutância em votar e votaram maioritariamente Não, apesar de por pequena margem. Os republicanos votaram em grande maioria pelo Sim. É um grande alívio para a América e para o mundo que se tenha podido evitar, embora só à última hora, o incumprimento dos Estados Unidos, que poderia provocar nova crise mais profunda nas finanças mundiais. Mas só poderemos ficar completamente descansados quando e se os Estados Unidos forem capazes de começar a diminuir a dívida ou pelo menos a diminuir o endividamento, como nós estamos a tentar fazer, em vez de apenas o aumentar menos.