sábado, 30 de junho de 2012

Manifestações pouco concorridas

Deve haver uma explicação para o alheamento da grande maioria dos portugueses das manifestações de indignação, de luta ou de protesto. As manifestações de desempregados que decorreram hoje em 4 cidades não reuniram sequer centenas de manifestantes, o que é espantoso quando se sabe que o desemprego é o maior problema que o País enfrenta e já conta com 800.000 a 1,2 milhões de portugueses. Nitidamente, os desempregados não acreditam que valha a pena perder umas horitas e cansarem-se numa marcha pelas ruas da cidade a empunhar bandeiras ou dísticos para no fim ouvirem um ou dois discursos por um megafone. Ou estão apáticos ou resignados ou então pensam que estes protestos não mudam nada. Inclino-me mais para esta última hipótese e creio que têm razão.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Crime e castigo

Nem Dostoievsky seria capaz de imaginar uma trama tão extrema: um deputado, membro da Comissão de Ética do parlamento, condenado por crime de atentado à liberdade de imprensa (e não, como o Público dá a entender no preâmbulo da notícia, embora só fale no "caso de") por "roubo dos gravadores dos jornalistas da revista Sábado". Aliás, a meu ver, deveria também ser sancionado pelo furto dos gravadores. O que interessa é que houve um tribunal que não teve receio de perturbar um excelentíssimo deputado da Nação.

Hollande amigo, mas de Peniche!

Leio no Quarta República:


«Hollande amigo, mas de Peniche!...
Como era de esperar, François Hollande já esqueceu os eurobonds. Nem fala neles no Pacto para o Crescimento que vai levar à Cimeira de Bruxelas. 
António José Seguro está bem tramado com o seu amigo Hollande. Um verdadeiro amigo de Peniche. E lá se foi mais um sonho de verão. Seguramente! »

Também notei essa mudança de atitude, que aliás era de esperar. Assim como em relação aos Trabalhistas e Conservadores na Inglaterra alguém disse: "não há nada mais parecido com um conservador na oposição do que um trabalhista no poder.", eu agora acho que a diferença entre Hollande e Seguro é que um está no poder e o outro está na oposição, sendo por isso mais parecido com Hollande antes de ser poder. Por isso Seguro parece mais hollandista do que Hollande, mas é apenas uma questão de diferente situação.

domingo, 24 de junho de 2012

Eleiçoes no Egipto

Já estava à espera da vitória de Morsi nas eleições presidenciais no Egipto. Desconfio de irmandades, sejam muçulmanas ou outras. Mas os pequenos trechos que ouvi do seu discurso foram tranquilizantes. Estou expectante quanto ao futuro. O primeiro aspecto positivo desta vitória é que a verdadeira tendência da Primavera Árabe começa a ser mais distinta.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

14000 postais

Quando ouvi a notícia de que 14000 portugueses tinham escrito postais ao Presidente da República a pedir, exigir ou reclamar (não sei bem) que a Maternidade Alfredo da Costa não fosse encerrada, pensei que eram uns valentes, gastar tanto em selos com resultados provavelmente nulos, já que não seria de esperar que Cavaco tivesse qualquer acção sobre o assunto. Afinal estava enganado: Os postais não foram enviados pelo correio, mas metidos em caixotes para serem entregues em mão quando de uma audiência que os organizadores do protesto, evento ou manifestação (não sei bem) tinham pedido e que fora concedida. Não admira que a entrada dos caixotes não tenha sido autorizada, o que admira é que os organizadores do protesto, evento ou manifestação (não sei bem) tenham, por essa razão, desistido da audiência. Assim não puderam expor as suas razões, o que seria bem mais importante para a sua causa do que o número de postais que certamente não seriam todos lidos pelo PR.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ainda mais 4%?

Cadilhe deve pensar que a tributação em Portugal é demasiado branda e, vai daí, sugere um novo imposto sobre a riqueza líquida, alvitrando que a taxa deve ser baixa, por exemplo apenas 4%. Mas, ainda assim com receio da impopularidade da sugestão, ressalva que uma família que tenha casa própria e viva dos seus ordenados deve ficar isenta. Mas se tiver dinheiro no banco, a coisa muda de figura... O dinheiro arrecadado serviria para abater na dívida pública, mas só daria para um pequeno abatimento. Cadilhe é tímido no pedir. Porque não um imposto de 40%, que permitiria uma baixa muito mais considerável da dívida. Pois se o Sr. Francisco da Holanda, que aliás é da França, pretende sacar 75% (bem sei que é só aos muito ricos, mas sempre são 75%!) não se pode dizer que 40% seja muito.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Dúvida parece resolvida

Novamente d'O Princípio da Incerteza:

«Dúvida resolvida, parece.
Depois da minha dúvida sobre se o PSF obteve de facto isoladamente a maioria absoluta nas legislativas francesas ou se só o conseguiu em conjunto com os seus aliados, quem são estes aliados e que resultado teve cada um, consegui, não sem algum esforço de busca verificar que o PS isoladamente, com 280 assentos) ficou a 9 lugares da maioria absoluta e precisa dos votos dos Diversos de Esquerda (que será isso), com 22 deputados eleitos, e dos Radicais de Esquerda, com 12. Assim perfazem os 314 lugares, que em muitas notícias, tanto em Portugal como em França, são atribuídos ao PS, como se este partido tivesse conseguido sozinho eleger estes deputados, o que não corresponde à realidade. Algumas notícias são mais honestas e, sem especificar o resultado por partidos, referem a maioria presidencial para os tais 314 deputados. Curiosamente o sítio da UMP discrimina em pormenor a distribuição dos votos e dos deputados eleitos, mas o sítio do PSF mistura tudo e chega a apresentar as fotografias e os nomes de 313 deputados (desconheço porque razão falta 1), sem explicar que nem todos se apresentaram às eleições como sendo do PSF. Continua a haver notícias contraditórias, mas face às notícias mais bem explicadas, suponho que a minha dúvida está definitivamente resolvida:
1) O PSF não obteve a maioria absoluta.
2) O PSF e os seus aliados, ou seja a maioria presidencial, obtiveram a maioria absoluta.
3) Os aliados referidos são o grupo "Diversos de Esquerda" e o Partido Radical de Esquerda.»

Eleições francesas: Quem tem a maioria absoluta?

 
Eleições francesas: Quem tem a maioria absoluta?
As informações são desencontradas e quem não conhece em pormenor a política francesa não sabe quem tem a maioria absoluta. Claro que se sabe que o PS tem a maioria dos votos, e, em consequência, dos assentos no novo parlamento francês saído das eleições de 10 e 17 de Junho. Mas será que essa maioria é absoluta, isto é, permitirá a Hollande e ao seu Primeiro Ministro governarem sem restrições? Aí as informações são contraditórias. Desde ontem que ora se noticia que "o PS e os seus aliados" obtiveram a maioria absoluta, ora se fala só do PS. Quem são esses aliados? São partidos que concorreram independentemente ou houve uma coligação eleitoral (coisa que ninguém noticiou)? Quantos votos e quantos assentos teve o PS isolado e quantos os tais aliados? E a questão mais importante: O PS obteve de facto a maioria absoluta ou só em conjunto com os seus aliados? Espero que o assunto seja devidamente clarificado nas próximas horas.

Ainda as eleições gregas

Como eu previra (não o cheguei a escrever, mas acreditem que foi mesmo a minha previsão, aliás tão óbvia que não tem qualquer mérito), impôs-se o voto útil. Assim os resultados dos dois primeiros classificados nas eleições de 6 de Maio foram empolados por este efeito e ou restantes foram prejudicado, excepto, surpreendentemente, a esquerda democrática que subiu ligeiramente (de 6,1% para 6,25%). Mesmo a extrema direita da Madrugada Dourada, que seria de supor não contribuírem para o voto útil, tiveram uma ligeira baixa. O PASOK sofreu pela mesma razão uma baixa considerável, mas menor do que eu previra, já que a transferência de votos PASOK -> ND foi inferior a 1%, sendo que portanto o considerável aumento da ND (11%) veio de outras fontes.

Este efeito de voto útil destroçou as hostes comunistas, que tiveram uma perda de 4%, quase reduzidos a metade dos votos e de facto a menos de metade dos deputados, tendo esta transferência contribuído para parte considerável da subida do Syriza.

Uf!! Uf??

Para quem preza a estabilidade da União Europeia e teme uma verdadeira crise do euro (moeda, não campeonato de futebol), o que já é possível a esta hora saber do resultado das eleições gregas deixa-nos aliviados. No entanto, este alívio é ensombrado pela notícia de que o PASOK exigiria, para participar num governo com a Nova Democracia, a presença do Siriza. Não ouvi a declaração original do Sr. Venizelos, mas segundo algumas notícias e comentários avulsos parece que a exigência não foi exactamente uma exigência, antes uma preferência. Se os dirigentes políticos gregos não são completamente suicidas, como se4 confirma que o povo grego não o é, espero bem que se chegue a um entendimento que permita formar um governo estável. Resta esperar por mais notícias, principalmente das negociações que se vão seguir.

sábado, 16 de junho de 2012

O aumento da pobreza em Portugal

O pobre Cavaco foi insultado e acusado de insensibilidade por ter dito que o valor das suas pensões somado à da mulher mal lhe dá para as despesas, já que não recebia nada pelas suas funções de Presidente da República (omitindo que a pensão do BdP, cujo valor disse que não conhecia, seria da ordem de 10 mil euros mensais). Quase não há dia em que os jornais ou as TVs não revelem altos salários de políticos ou empresários. Ainda há pouco se revelou que António Borges, o tal que teria dito que era urgente baixar os salários dos portugueses, coisa que já veio negar, declarou mais de 200 mil euros de rendimentos em 2011, mas na maior parte das notícias não se explicava que tal rendimento procedia ainda do seu trabalho no FMI. A polémica foi enorme, tanto pela alegada proposta de empobrecer os portugueses como do alto rendimento. Curiosamente pouco se fala dos salários de jogadores de futebol e de jornalistas ou apresentadores das TVs, como se essas figuras, por contribuírem para o prestígio do País (só às vezes) ou por nos entreterem as manhãs e às vezes as tardes merecessem mais do que os ditos políticos e empresários.

Agora leio no Portugal dos pequeninos que «Catarina Furtado - a "Cristiano Ronaldo da RTP", de acordo com o seu director de programas - aceitou baixar em cerca de 6 mil euros a sua remuneração mensal pelo que passa a auferir apenas 24 mil». Claro que Catarina deve ser louvada pelo seu abnegado acto em favor da economia nacional (e do bolso dos contribuintes), mas porque é que nunca se falou antes do seu elevado rendimento?

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Educação Física

A notícia de que a disciplina de Educação Física deixará já no próximo ano lectivo de contar para a nota de conclusão do ensino secundário, excepto para os estudantes que prossigam os estudos nessa área, foi para mim uma muito boa notícia. Acho uma medida justa e fiquei espantado por verificar que é muito contestada. e quando elogiada provoca comentários de crítica. Muitas das críticas baseiam-se nos benefícios da Educação Física. Não me parece que estes benefícios estejam em perigo, se a EF continuar a ser obrigatória, embora não contando para a média. Há muitos anos que eu desejava que a EF deixasse de contar para a nota final do secundário e, por maioria de razão, para a entrada na universidade, pelo menos desde que tive filhos em idade escolar. Por isso aprovo a medida e até iria mais longe: Para mim a EF não devia pura e simplesmente ser classificada. No meu tempo (de facto há muitos anos) não o era e nem por isso deixei de frequentar assiduamente as aulas e de me esforçar por fazer o melhor possível "na ginástica", como os alunos então lhe chamavam. Aliás os meus pais consideravam tão importante o exercício físico que me tinham posto na ginástica do Lisboa Ginásio Clube, o que me foi muito proveitoso, apesar de não ter classificação. A classificação é completamente secundária. Conheço profissionais muito competentes, por exemplo em informática, em física, em matemática e em línguas, que tiveram dificuldades na EF por não serem dotados para tal. Os que já estudaram depois da EF contar para a nota foram prejudicados por isso. Aliás, pelo menos certos professores, passavam mais tempo a ensinarem as regras do futebol e de outros desportos do que a fazer os miúdos praticar qualquer desporto e depois faziam testes com perguntas sobre essas regras, o que sempre me pareceu desnecessário e inconveniente.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Grandes escândalos são bons para melhorar as audiências

Quando um canal de TV pega um osso, comporta-se como um cão, já não o larga. Claro que no caso das TVs o osso é substituído por um assunto escaldante. Se o assunto não tiver nada de especial, é preciso temperá-lo e regá-lo com um bom molho picante. Um exemplo recente é o "escândalo" do ensaio clínico com amálgama dental realizado em 1997 com crianças da Casa Pia. Tem tudo para parecer escandaloso: veneno, crianças e Casa Pia. Ouvir algumas das alegadas vítimas com voz distorcida e desfocadas, como se corressem perigo se fossem identificadas, e informar enviesadamente faz parte da receita. Não digo que o jornalista ou os jornalistas que prepararam a reportagem estivessem conscientes do engano que poderia ocorrer nos espectadores menos informados, mas estou convencido que foi esse o resultado.

Como aconteceu que tive de consultar o meu dentista, resolvi perguntar-lhe o que pensava do caso. Em resposta, abriu a boca e mostrou os numerosos dentes tratados com amálgama. Depois esclareceu que se comer uma posta de peixe espada ingiro mais mercúrio do que pode libertar-se do amálgama. Acrescentou que há 200 anos que se usa amálgama na reparação dental e até agora não houve evidências dos seus efeitos prejudiciais. Disse mesmo que existem grandes interesse comerciais nesta controvérsia e que a inocuidade das resinas que se usam no compósito, utilizado como alternativa do amálgama, não está ainda completamente provada. Só veio confirmar o que já me parecia evidente.

Uma rápida consulta na net confirmou este ponto de vista. Verifiquei posteriormente que o blog Que Treta trata extensivamente do mesmo assunto, afirmando que «a reportagem [da RTP] é uma treta» e que «Toda a reportagem é sensacionalista e enganadora». O melhor é ler todo o post.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O importante é a bola

Em tempos tinha grande interessa em ver os comentários do Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Além de opinião, tinham alguma informação e ajudavam a compreender certas coisas. Pouco a pouco fui perdendo o interesse, já que as opiniões do professor passaram a ser quase sempre dúbias, talvez para não ofender ninguém, a informação nova reduziu-se a zero e o auxílio à compreensão idem. Ontem, tinha alguma curiosidade sobre os comentários de MRS ao resgate dos bancos espanhóis, aos resultados das eleições legislativas francesas e mesmo às comemorações do 10 de Junho. Para meu grande espanto e decepção, o professor achou que o mais importante era a bola. O tema escolhido para iniciar a intervenção foi o Euro, não a moeda, mas o campeonato de futebol. Comentadores desportivos já temos em quantidade, não precisamos de mais um. Programas desportivos temos muitos, felizmente com hora marcada para podermos fugir deles, as pessoas, nas quais me incluo, que não gostam de futebol. Acho que vou deixar de ouvir o programa de MRS de uma vez por todas.

Eleições legislativas francesas

Foi ontem a 1.ª volta das legislativas francesas. O resultado é importante para a UE e portanto para a Europa, embora nada fique resolvido antes da 2.ª volta. Mas os nossos meios de comunicação não pareceram muito interessados em dar pormenores. Informações como "esquerda tem maioria" ou "PS e seus aliados têm 46,3%" explicam pouco. Que esquerda está abrangida? Que solução governativa poderá resultar de um PS obrigado a procurar apoio dos comunistas do partido de Mélanchon? Quem são os aliados do PSF? Depois de intenso zaping entre canais portugueses e estrangeiros, resolvi recorrer à internet e mesmo aí não foi imediato. Mas consegui ter pelo menos os resultados partido a partido quando estavam contados 95% dos votos. O panorama é deveras complicado: Contei 15 partidos e grupos de pequenos partidos. Mas chegou para ver que o PSF foi o partido mais votado com 29,6%, mas pouco distante da UMP com 26,5%. Tudo depende portanto da 2.ª volta e das alianças possíveis.

domingo, 10 de junho de 2012

A ajuda financeira a Espanha

Foi declarado o apoio do Eurogrupo à ajuda financeira aos bancos espanhóis. Não lhe chamo resgate, já que Espanha faz questão de se demarcar dos países, como Portugal, que necessitaram dessa ajuda, mas não é muito diferente, como ouvi há pouco Miguel Beleza afirmar.

As pessoas que estavam preocupadas com a situação da banca espanhola, respiraram de alívio.

Talvez tenham razão, mas algumas horas depois do anúncio e das declarações do ministro espanhol da economia, uma notícia sucinta no canal Bloomberg anunciava que a Finlândia exigirá que a Espanha dê garantias (colaterais) se a assistência financeira oferecida for através do EFSF. Não vi ainda esta notícia referida nem comentada nas TVs portuguesas, mas a ser verdade pode vir a causar problemas.

sábado, 9 de junho de 2012

Fatos são fatos

Claro que fatos são fatos: normalmente os fatos de homem são constituídos por umas calças e um casaco, mais raramente também por um colete, antigamente quase obrigatório, mas agora caído em desuso. Por causa destas 3 peças, calças, casaco e colete, no Brasil em vez de "fato" diz-se - e escreve-se - "terno", o que não tem nada que ver com ternura.

A que vem isto? Os mais conhecedores de provérbios terão notado que há um dito português parecido com "Fatos são fatos": é "Factos são factos" e aponta para a força da realidade, isto é, dos factos. Sempre se escreveu e disse "factos", pronunciando-se o c. O Acordo Ortográfico não alterou esta situação, visto que apenas obriga a eliminar as consoantes mudas antes de c e t (Base IV, 1.º b) quando são mudas, mas indica que se conservam quando se pronunciam pelo menos numa pronúncia culta (Base IV, 1.º c).

Não tem sido esse o entendimento de alguns jornais, onde já vi várias vezes "fato" por "facto", o que considero erro crasso. No entanto foi hoje que ouvi pela primeira vez pronunciar "fatos" quando não se referiam a roupa, mas sim a factos. Foi numa reportagem sobre a visita de Cavaco Silva ao bairro da Mouraria, quando este declarou que não era apropriado responder a perguntas de jornalistas sobre a ajuda financeira a Espanha para financiamento dos bancos. Segundo a jornalista, "Cavaco só queria falar das comemorações do 10 de Junho, ignorando os outros fatos" (Estou a citar a frase de memória, pelo que não afirmo que seja assim exactamente, mas é um facto que falou em fatos).

Sou o mais possível contra o Acordo Ortográfico que considero um atentado à Língua Portuguesa, mas ainda pior do que o AO é interpretá-lo mal e ser mais acordista que o acordo.

Excessos verbais

Vamo-nos habituando a ouvir em política declarações despropositadas e mesmo insultuosas, expressão de desejos vingativos e acusações sem fundamento. O mesmo sucede no futebol, talvez ainda com mais veemência. Mas quando estas declarações ou desejos vêm de comentadores que não sabem o que é contenção verbal, resta-nos encolher os ombros. Agora, quando é um comentador dos mais ouvidos e apreciados, que semanalmente diz o que pensa dos principais acontecimentos do país geralmente com uma certa elegância, como é o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, a desejar ver "a cara da Sr.ª Merkel desfeita", temos de admitir que o professor se excedeu. Bem sei que se referia ao desejo de Portugal vencer a Alemanha num jogo de futebol e não a contendas políticas, mas mesmo assim, desejar a "cara desfeita" a alguém que não nos agrediu nem ameaçou não é coisa digna de um comentador político respeitado.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A polémica sobre António Borges

A afirmação de António Borges de que a redução de salários em Portugal não é uma política mas "uma urgência" levantou um coro de críticas de todos os sectores políticos, incluindo do próprio PSD. Os meus fracos conhecimentos de macroeconomia e o pouco rigor da informação económica de que dispomos não me permite ter a certeza se a afirmação tem alguma razão de ser. Espero bem que Portugal possa voltar a crescer e a ter uma situação financeira minimamente aceitável sem chegarmos a esse extremo. Mas, mesmo admitindo que venham a ser necessárias novas medidas de austeridade tão violentas que impliquem diminuição dos salários, no mínimo, Borges foi desajeitado na sua afirmação. E é natural que quem não esteja de acordo expresse a sua discordância e condene mesmo a declaração.

Mas não vejo que relação tem o facto de Borges ter expressado uma opinião eventualmente errada ou mesmo condenável com a sua capacidade para ajudar o Governo nas privatizações e na avaliação das parcerias público-privadas, tarefa que nada tem a ver com a grandeza dos salários. Também o facto de Borges ter ganho 225 mil euros em 2011 do FMI não parece relevante para o caso. Alguém afirmou que Borges, ao propor a diminuição de salários em Portugal deveria começar por reduzir o seu próprio ordenado. Na verdade parece que foi o que fez: Segundo a melhor informação, os 5 economistas constituem a equipa formada pelo Governo para as privatizações, incluindo Borges, custa 25 mil euros por mês, portanto, mesmo que Borges fique com a fatia de leão, não pode chegar a 225 mil por ano.

Também Seguro falha o alvo ao atacar Borges afirmando «"que o dinheiro dos contribuintes “vai para o bolso” de quem defende a baixa de salários». Claro que quem paga agora a Borges já não é o FMI mas sim os contribuintes portugueses, mas uma coisa não tem que ver com a outra e o que pagamos a Borges não tem relação com o que ele ganhou em 2011 do FMI.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Mais uma trabalhadora para o desemprego.

É hoje notícia que "Maria José Oliveira, a jornalista do "Público" no centro da controvérsia com o ministro Miguel Relvas, apresentou hoje a demissão à direcção do jornal.
Ao Expresso, a repórter da secção de política afirmou que a forma como o caso foi gerido a fez perder a confiança na direcção do diário e a vontade de lá continuar a trabalhar."

Infelizmente nem todos os trabalhadores que perdem a vontade de continuar a trabalhar numa determinada empresa se podem dar ao luxo de apresentar a demissão.

Nota: Que me perdoe o Expresso, mas recuso-me a usar o AO mesmo em citações, por isso corrigi a ortografia para a legal ainda em Portugal.



terça-feira, 5 de junho de 2012

Trânsito de Vénus

A esta hora (5 minutos para a meia noite) está-se a dar o trânsito de Vénus frente ao Sol, evidentemente não visível em Portugal. Mas podemos segui-lo em venustransit.nasa.gov/transitofvenus/.

Soube-o graças ao blog astro.pt.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Erros e estimativas

Hoje, duas más notícias sobre o estado das finanças portuguesas, ambas com origem na UTAO:

O défice orçamental terá ficado nos 7,4% no 1.º trimestre, tornando mais difícil atingir a meta dos 4,5% no final do ano.

A queda na receita dos impostos indirectos acumulada até Abril foi quase o dobro do divulgado pela DGO, tendo o erro sido também detectado pela UTAO.

Estranhamente a segunda má notícia levantou muito mais celeuma e um mais sonoro coro de acusações por parte da oposição do que a primeira. Estranho porque, conforme o PM declarou e Marques Mendes explicou no seu comentário, o erro no cálculo da queda das receitas é fruto de um lapso sobre as contas de 2011, e portanto não afecta os dados de 2012. Já a primeira notícia, muito menos comentada, pode pôr em perigo o cumprimento das nossas obrigações definidas no memorando de entendimento.