sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Greves

Pensei que valia a pena escrever alguma coisa sobre o inqualificável abuso que é a greve dos maquinistas da CP e a escolha da época para a fazerem. Mas já alguém escreveu em pouca palavras o que eu penso sobre o assunto. Não vale a pena procurar frases diferentes. Com a devida vénia transcrevo o que Pinho Cardão escreveu hoje no Quarta República:

«Um sindicato de maquinistas de comboios, em prepotente manifestação de abuso de poder, mais uma vez decidiu fazer greve num período sadicamente escolhido para maximizar o prejuízo de quem, no final, lhes vem pagando o salário. Nomeadamente com impostos. Uma violência fomentada por pequenos ditadores de ocasião a quem se vai permitindo praticar todos os abusos. Da lei e das pessoas. Os grandes ditadores fazem-se desta massa.


Mais uma vez, o triunfo dos porcos.»

Também concordei com o que diz Carlos Garcez Osório no Aventar.

Não fui pessoalmente prejudicado, a não ser como contribuinte, mas acho que há que dizer basta a estas greves que são uma distorção do sentido da greve como último recurso de luta dos assalariados contra os seus patrões quando estes não reconhecem os seus direitos. A lei pode permiti-lo, mas a razão condena esta prática.

Genocídios

Sei o que é um genocídio, mas não sei bem qual é a definição oficial, se é que há uma. A guerra - por enquanto só diplomática e de palavras - entre a França e a Turquia parece-me ridícula. Não sei se a matança de arménios pelos otomanos em 1915 foi um genocídio ou não. Milhão e meio de mortos é muito, mas não é só o número que interessa para saber se se tratou ou não de um genocídio. Acho que é trabalho para os historiadores e não para os políticos. Se houver várias opiniões diferentes entre os historiadores que estudarem o assunto, não vem por isso mal ao mundo, penso eu. Por isso, não compreendo como um país democrático como a França decide impor penas duras de prisão e/ou multa a quem defenda que a matança dos arménios em 1915 não foi um genocídio. Por outro, lado também se compreende mal que na Turquia, herdeira do Império Otomano, seja exactamente o contrário que é proibido. Para quem defende a liberdade de pensamento e de expressão de opinião, ambas as proibições parecem condenáveis. Mais condenável ainda me parece ser decretado que determinado acto histórico foi um genocídio em retaliação por outra decisão de outro país, como fez a Turquia, depois de ter ameaçado, denunciando que a França procedeu a genocídio na Argélia. Quer dizer, se a França não tem proclamado o genocídio arménio, a Turquia calava-se com o alegado genocídio na Argélia, sendo portanto a denúncia apenas uma vingança e não uma consideração de uma verdade histórica.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Gerir a dívida

Pior do que Sócrates, só o seu discípulo Pedro Nuno Santos. Sócrates disse que as dívidas não são para serem pagas, são "por definição" eternas, são para serem geridas. Só é pena que não tenha sabido geri-las quando chefiou o Governo, a não ser que considere que gerir é engordá-las até serem ingeríveis. Posteriormente veio explicar que queria dizer que não são para serem pagas imediatamente e na totalidade. Queria dizer, mas não tinha dito. Mas Nuno Santos refinou o raciocínio: A dívida é uma arma, mas não para o credor: é a bomba atómica do devedor. Pode-se fazer bluff com a dívida ameaçando não pagar até tremerem as pernas dos banqueiros credores e ficaram finos. Só os políticos que nunca jogaram poker é que não compreendem isto... Eu, que não sou político e nunca joguei poker, o pouco que sei desse jogo é suficiente para compreender que se o adversário conhece que cartas temos na mão o bluff torna-se impossível; e os nossos credores conhecem bem a nossa situação e, se nós ameaçarmos não pagar, sabem que não podemos cumprir a ameaça porque precisamos que nos emprestem mais. Se eu tiver um crédito num banco e for lá ameaçar que não pago, não vale a pena pedir mais dinheiro emprestado. Aliás, ao contrário do que o ilustre deputado pensa, os bancos alemães e franceses não nos puseram condições duras quando nos emprestaram dinheiro: limitaram-se a comprar os nossos títulos de dívida em leilão ou no mercado secundário nas condições que o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público determinou. Como disse Miguel Beleza, o episódio só mereceria ser ignorado, tal a incompetência e ignorância que demonstra, não fosse o deputado vice-presidente da bancada do maior partido da oposição, partido que, enquanto suporte do governo anterior, negociou o memorando que, esse sim, nos obriga a medidas duras, mas nos obriga e nos dá condições e tempo para pagarmos as nossas dívidas. O melhor comentário sobre o assunto é o do blog With Bubbles.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pouco seguro

Seguro descobriu hoje que há 700 000 desempregados em Portugal e, sem ponta de vergonha, vá de apregoar o número. Claro que não teve a lata de dizer que a culpa é do actual governo, mas ao anunciar o número como um ataque à coligação deu-o a entender. É preciso ter memória fraca ou ter muita lata.