quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Guião para a reforma do Estado

Uma primeira vista de olhos sobre algumas das 112 páginas do Guião para a reforma do Estado deu logo para ver um aspecto desagradável: Está escrito conforme o acordo ortográfico AO90. Claro que outra coisa não seria de esperar. Espero que seja este o único aspecto que me desagrade.

Agora a sério: Sobre o documento não tenho ainda opinião, pois não tive tempo para o ler minimamente. Mas pela apresentação feita pelo vice-PM parece-me que aponta no bom caminho.

Dá que pensar

Tal como José António Saraiva, também não sou adepto de teorias de conspiração, mas lá que las hay, las hay, como as bruxas. Basta ler o que JAS descreve no Sol. Claro que todas ou quase todas as manobras descritas não são novidade; já eram de há muito conhecidas, mas vê-as assim alinhadas e catalogadas dá que pensar.

Sublinho a conclusão final. Bem, não é propriamente uma conclusão, é mais um resumo em guisa de recordatória:

«Fica claro, portanto, que houve um momento em que José Sócrates esteve mesmo à beira de dominar ou ter o apoio de importantes meios de três sectores nevrálgicos:
– Banca, com a CGD, o BPN, o BCP e o BES;
– Comunicação social, com a RTP, a RDP, o DN, a TSF, o JN e a tentativa de compra da TVI ;
– Poder político, através do domínio da máquina do Governo e do aparelho do partido, onde não se ouvia uma única voz dissonante.
Só hoje, quando olhamos para essa época, percebemos até que ponto estivemos à beira do abismo.
Como foi possível permitir que se concentrasse tanto poder nas mãos de um homem psicologicamente tão instável?»



domingo, 27 de outubro de 2013

Ainda as manifs

Um dos organizadores das manifestações contra a troika afirmou que "Quem ficou em casa é porque não precisa". A crer nesta afirmação, a esmagadora maioria dos portugueses não precisam. Não sei bem de que é que não precisam, mas calculo que não precisam de se manifestar contra a troika porque ou não são grandemente afectados pelas medidas que esta impõe ou, se afectados, concordam mesmo assim que essas medidas são minimamente necessárias e justas. Mesmo fazendo fé nas estimativas mais exageradas do número de participantes, no total não terão passado de umas dezenas de milhar, o que deixa de fora cerca de 99,5% da população. Que grande tiro no pé foi aquela afirmação! É evidente que, apesar de não estarem para se maçar a irem a minifestações ou não verem nisso quelquer vantagem, há muito mais portugueses que "precisam".

Quantos são?

Ontem foi dia de manifestações do grupo "Que se lixe a troika". A CGTP anunciou, apenas de véspera, que se juntava às manifestações, o que me levou a pensar que as perspectivas de afluência não eram grandes e que, perante isso, Arménio Carlos decidiu dar uma ajudinha. Ao que parece, a ajudinha não permitiu que o número de participantes se aproximasse sequer dos anteriormente reunidos quer em manifestações quer do "Que se lixe a troika" quer da CGTP. A tendência que se tem vindo a notar de gradual e crescente desinteresse por participação neste tipo de eventos reivindicativos ou de protesto continua a verificar-se. Segundo as notícias, no Porto, os organizadores calcularam o número de participantes em cerca de 2000 ou mais de 2000, conforme as versões, enquanto que a polícia estimou este número em cerca de 1000. Não ouvi estimativas referentes a Lisboa, mas pelas imagens não me pareceu que fossem muito mais, talvez cerca do dobro dos que se reuniram no Porto.

Pois bem, a Euronews deu notícia das manifestações, mas resolveu empolar os números: Segendo este canal europeu, participaram cerca de 20.000 em Lisboa e "pelo menos 5000" no Porto. Embora o número de Lisboa me pareça exagerado, na ausência de outras opiniões, é difícil afirmar que a notícia da Euronews estava errada, mas é fácil ver que o largo em frente da AR, visto que só os primeiros degraus da escadaria estavam disponíveis, só mede cerca de 3180 m2, a que há a somar o troço da Rua de São Bento em direcção ao Rato que tinha manifestantes, estimado em 1060 m2, e o troço da Calçada da Estrela até à confluência com a Avenida D. Carlos I, com cerca de 1670 m2, num total de 5910 m2. Não é possível comportar neste espaço mais de 6000 pessoas, mesmo que estejam muito apertadas. Já no caso do Porto, o exagero da notícia é ainda mais evidente, visto que os próprios organizadores estimaram em menos de metade do número apontado e a polícia em apenas um quinto. Pode não ter sido intencional, mas pelo menos do ponto de vista jornalístico é errado.

Menos grave mas também censurável é o modo como um canal português noticiou ainda os números no Porto: "Participaram mais de 2000 manifestantes, embora a polícia tenha estimado este número em cerca de metade". Redigido assim é dar crédito à versão dos organizadores e duvidar da versão da polícia.

sábado, 26 de outubro de 2013

Traidor

Isabel Moreira chamou traidor ao Presidente da República. Que será mais grave como ofensa, chamar palhaço, mandar trabalhar ou chamar traidor? O comentador que chamou palhaço a Cavaco foi alvo de um processo, mas não foi condenado, quanto a mim com toda a razão, porque ser palhaço é uma profissão honrada e digna de respeito, por muito que a actuação dum palhaço faça rir. Cavaco não é palhaço nem faz rir, mas não é a verdade da profissão atribuída que está em questão, mas a alegada ofensa. Ora chamar palhaço não me parece ofensivo; pode ser ofensivo o intuito de quem chama, mas a apreciação dessa circusntância é forçosamente subjectiva. Já o manifestante que gritou "Vai trabalhar!" a Cavaco Silva foi multado, o que me pareceu muito injusto. Penso mesmo que ficou muito mal ao Presidente não ter perdoado, admitindo que havia alguma coisa a perdoar. Quanto a Isabel Moreira, não se falou sequer na hipótese de punição por ofensa ao PR. Quanto a mim foi uma acusação muito grave e ofensiva, que merecia ser alvo de procedimento. Como a autora é deputada teria de ser pedida à Assembleia da República que levantasse a imunidade parlamentar. Pois que fosse.

domingo, 20 de outubro de 2013

Sócrates, êxito de vendas

Tentei comprar hoje o Expresso para ler a entrevista concedida por o ex-querido líder Sócrates (Ou será querido ex-líder? Mais provavelmente ex-querido ex-líder!). Não fui atraído pela qualidade literária da peça, que, por algumas amostras difundidas na véspera, era inexistente. O que me interessava era confirmar a ferocidade das críticas que, a julgar por essas amostras, lançou a quem pensa que o prejudicou e a deselegância (para não dizer mais) dessas críticas.

Ora nos vários locais em que procurei hoje de manhã cedo comprar o Expresso, já estava esgotado. Fiquei intrigado pela grande procura que este facto indicava: Terão sido mais os admiradores de Sócrates, que ainda os há, ou mais os adversários que provocaram este êxito de vendas? Fiquei sem saber.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Maria Luís Albuquerque

Depois do notável discurso para a apresentação do OE2014, claro, bem explicado, sem tecnicismos, adequado à situação, Maria Luís Albuquerque teve uma entrevista na SIC em que mostrou, além da mesma clareza nas respostas, também o seu lado humano. Temos ministra! Afinal a demissão de Vítor Gaspar foi boa, embora não no sentido dos que a desejavam e que a festejaram.

Toda a gente diz que o Governo explica mal as medidas duras que toma. Não é a minha opinião, como espectador atento e contribuinte que quer saber para que é que contribui, as explicações têm-me parecido suficientes, mas decerto, quando tanta gente, não só da oposição mas também dos partidos da maioria ou próxima deles afirma o contrário, sou eu que estou enganado. E ao ouvir a Ministra das Finanças tenho de reconhecer que explicou as opções tomadas, embora breve e sucintamente, melhor do que é costume ouvir-se.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Soares

Não consigo compreender porque é que ainda há órgãos de informação que acham útil entrevistar e difundir os ditos de Mário Soares, cujas ideias se aproximam cada vez mais das do BE.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Produção industrial sobe

Para quem acredita, como eu, que a Indústria é um dos principais motores da economia, a subida da produção industrial em Agosto (8,2%) é mais um óptimo sinal da nossa recuperação. O facto de ter sido a maior da Europa é importante, mas o que me impressiona mais é a subida, embora ligeira, em termos homólogos (0,4%).

domingo, 13 de outubro de 2013

Cortes

Seria bem melhor que Christine Lagarde, em vez de sugerir mais cortes, seja aos ricos, seja aos pobres, se submetesse ela própria a um corte, neste caso
de cabelo. Este novo penteado fica-lhe francamente mal.

FMI e Igreja de acordo

O FMI sugere um enorme aumento da taxa de IRS para os mais ricos dos 48% actuais para 60%. Como a esquerda é por norma contra os aumentos de impostos, mormente os enormes, e desconfia sempre das sugestões do FMI, instrumento do capitalismo internacional, certamente se vai pronunciar contra esta ideia. Fico esperando as reacções. Quando estas chegarem, talvez por uma vez esteja  de acordo com a esquerda.

Por outro lado (ou será do mesmo lado?), o bispo da Guarda sugere que a crise deve ser paga "pelos bancos e pelos ricos". Será que o bispo sabe quanto custa a crise? E terá feito as contas para saber se o que os bancos e os ricos têm chega para a pagar? Como pensará este senhor que se pode cobrar aos bancos e aos ricos as verbas necessárias para pagar a crise?

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O triunfo e a derrota, eternos impostores

Não tive tempo de comentar os resultados das eleições autárquicas e agora já quase tudo foi dito. Mas o que me ocorreu de imediato foi o verso do Se de Rudyard Kipling "Se podes encarar com indiferença igual / O triunfo e a derrota, eternos impostores...". De facto os resultados destas eleições tem tido tantas interpretações diferentes e até contrárias que é forçoso concluir que o triunfo e a derrota são noções subjectivas e sujeitas às maiores manipulações e aos maiores maltratos. Se são impostores, é bem feito!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Novas indústrias

Num blog que até hoje não conhecia encontrei esta pérola:
«Benchmarking
Creio que é tempo de o benchmarking chegar a "novas indústrias" como a das "Manifestações".
Por exemplo, no Rio de Janeiro a Polícia sugeriu a criação de um Manifestódromo: "‘Manifestódromo’ liberaria vias vitais e evitaria caos no trânsito".

Fica a ideia. Estou em crer que estaria sempre ocupado.
publicado por Ana Rita Bessa às 14:41»

 Já agora permito-me acrescentar à excelente ideia que o dito Manifestódromo deverá dispor de alguns dos alvos preferidos dos utentes: contentores de lixo e pneus para queimar, portas em vidro de bancos e de lojas de artigos de luxo para partir e calçada portuguesa com algumas pedras quase soltas que possam ser retiradas sem demasiado esforço para arremessar a estes e outros alvos. Também seria boa ideia ter brindes para os utentes frequentes.

domingo, 6 de outubro de 2013

Sobreviver sem net

Uma "falha técnica" da linha da PT obrigou-me a estar 5 longos dias sem telefone fixo e sem internet. A falta de telefone fixo não foi grave, principalmente depois de ter pedido o reencaminhamento das chamadas para o telemóvel, mas 5 dias sem net significou não ter acesso aos meus e-mails, não poder tirar aquelas dúvidas que o Google e a Wikipédia ajudam a esclarecer num instante (por exemplo, saber o nome da mãe do profeta, o que me pode salvar a vida se o centro comercial que eu visitar for atacado por integralistas islâmicos), nem poder visitar o Facebbok e os meus blogs preferidos. 5 dias sem net não é viver, é sobreviver. Claro que ainda há poucos anos vivia perfeitamente sem net, e, andando mais anos para trás, até vivia bem sem televisão, mais para trás ainda vivia e considerava-me feliz sem telefone em casa. As necessidades mudam conforme os nossos hábitos e quando obtemos uma nova comodidade parece-nos impossível viver sem ela. Felizmente volto agora a ter acesso à minha net e posso tentar pôr em dia os temas que não pude comentar por falta de meios.