quarta-feira, 28 de maio de 2014

O PS apoia novo 11 de Março?

Seguro foi evidentemente precipitado quando anunciou que o PS votaria a favor da moção de censura que o PCP se prepara para propor na Assembleia da República. Além de precipitado foi contraditório, pois já antes classificara tal moção como um frete ao Governo, concluindo-se portanto que o PS apoia os fretes que o PCP presta ao Governo. Mas o mais grave é que na sua precipitação Seguro nem tinha lido o texto da moção ou então, o que é bem pior, está de acordo com esse texto.

Nesta última hipótese, Seguro apoia, entre outras coisas:

-  "a renegociação da dívida nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento rejeitando a sua parte ilegítima"

- "recuperação para o Estado do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos indispensáveis ao apoio à economia"

- o "aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande capital"

- "medidas que preparem o País face a uma saída do Euro"

Se realmente Seguro leu e compreendeu as "opções fundamentais e indispensáveis" da moção, apoia um novo 11 de Março, que outro significado não consigo ver na expressão em negrito (meu) do que uma nova nacionalização dos bancos. Se não leu, foi muito imprudente ao anunciar o seu voto a favor. Se leu e não compreendeu, não tem condições para liderar um grande partido.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Os grandes perdedores

Quanto a mim os grandes perdedores da noite eleitoral de ontem (domingo) não foram o BE nem a coligação dos partidos que suportam o Governo. Os grandes perdedores foram as empresas de sondagens que não souberam prever a pequena distância entre o "desastre estrondoso" da coligação e a "grande vitória" do PS. Que não previram que Marinho e Pinto teria o condão de elevar a votação no MPT para níveis nunca vistos, ultrapassando o BE. Mesmo já uma hora depois de fechadas as urnas, pelas 20 h, as sondagens à boca da urna, se bem que já tivessem conseguido prever a emergência do MPT, davam ainda uma diferença entre o PS e a coligação PSD/CDS de 7 pontos percentuais, quando a diferença real foi menos de metade deste valor. Uma sondagem a essa hora indicava ainda para o PS um intervalo entre 32,1 e 36,3, mas afinal o valor real foi abaixo do limite inferior. Claro que é difícil prever o futuro, que o digam os meteorologistas e os economistas, mas enquanto que oe meteorologistas tem sempre a utilidade de informar sem erro o tempo presente e os economistas tenham por missão muito mais do que fazer previsões, as agências de sondagens têm exactamente esse fim e, quando falham, falham mesmo no seu objectivo e na sua razão de existência.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Pessoas, mercadorias e capital

Jean Claude Juncker escreveu que "People are just as important to me as goods and capital. So if they can move freely, so must people be able too!". Seguro indignou-se, sem razão, como explico adiante. A indignação vem de não ter lido, ou se leu não ter compreendido, a segunda parte da declaração de Juncker. N'O Insurgente defende-se Juncker, mas no plano económico, considerando que "pessoas, mercadorias e capital são factores de produção, todos eles igualmente importantes". Quanto a mim, parece-me que a questão está mal colocada, quer no post, quer nos comentários que suscitou. Não porque estes estejam errados, mas porque aquilo a que Juncker se referia e que Seguro não entendeu era outra coisa do que os factores de produção e o seu balanço. Não era ao plano económico que Juncker se referia, mas sim ao plano dos direitos. Juncker partiu da constatação de que as pessoas estavam prejudicadas na sua mobilidade em comparação com as mercadorias e o capital e que seria, portanto, justo dar às pessoas as condições de mobilidade que são dadas na UE às mercadorias e ao capital. Pretendia dar mais importância às pessoas a partir de uma situação de inferioridade. Portanto, quando escreveu "People are just as important..." queria elevar a sua importância e não rebaixá-la ao nível de mercadorias ou capital. Poderia mais justamente ter escrito "People are more important...", mas só queria elevar o seu estatuto até, pelo menos, ao que já é dado aos bens e ao dinheiro. A acusação de Seguro é, portanto, completamente descabida.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Futebol e política

Quem hoje ligasse a televisão para os canais informativos nacionais ou para os generalistas nas horas dos noticiários duvidaria com grande probabilidade que estejamos em plena campanha eleitoral e a poucos dias do acto. Penso mesmo que duvidaria que houvesse política em Portugal ou que houvesse qualquer outra actividade que não fosse o futebol.
A não ser que pensasse, ao ver a multidão que encheu, como ainda nunca se vira antes, a Praça do Município em Lisboa, que se tratava de uma manifestação política. Nunca as comemorações da inplantação da República, as do 25 de Abril ou qualquer outra conseguiu, que eu me lembre, juntar tanta gente frente à Câmara Municipal. Creio mesmo que pouca vezes houve manifestações tão concorridas em qualquer outra praça das nossas cidades. Então agora, que mesmo a CGTP tem dificuldade em mobilizar um número considerável de protestantes, esta reunião deve encher Arménio Carlos de inveja.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O BE afinal às vezes até tem razão

O BE afinal às vezes até tem razão. Por exemplo, quando Marisa Matias afirmou que «compromissos socialistas são incompatíveis com Tratado Orçamental». Realmente são incompatíveis. Como disse Seguro "Basta fazer as contas." Talvez nem seja preciso fazer muitas contas. Bastar ler as 15 medidas enunciadas por Seguro, do conjunto das 80 qua ainda estou à espera de conhecer, para verificar essa incompatibilidade. Marisa, neste caso particular, está certa, mas isso não basta para me convencer a votar BE.

Medidas propostas pelo PS

Finalmente temos, pela voz de António José Seguro, alguma informação sobre o que o PS fará quando ou se for governo. Alguma, mas, por enquanto escassa. Contudo suficiente para aquilatar do tipo de goivernação que se prepara para fazer. Das 80 medidas prometidas deram a conhecer apenas 15. São elas:

1. Acabar com a TSU dos pensionistas
2. Revogar os cortes no Complemento Solidário de Idosos
3. Não despedir na função pública
4. Lutar contra a fraude e a evasão fiscal
5. Estabelecer um acordo de concertação estratégica
6. Apresentar um plano de reindustrialização do país
7. Criar uma estação oceânica internacional nos Açores
8. Celebrar um pacto de emprego
9. Não aumentar a carga fiscal
10. Separar o público e o privado no Serviço Nacional de Saúde
11. Reduzir para metade a taxa de abandono na escolaridade obrigatória
12. Recusar o plafonamento das contribuições para a segurança social
13. Procurar que, no quadro do Tratado Orçamental, o país chegue a um saldo estrutural de 0,5% do PIB
14. Promover a reforma do Estado
15. Lutar por uma nova agenda para a Europa

Seguro deve saber que não poderá aumentar o défice. Se é verdade que as medidas 1 e 2 provocam uma diminuição na receita do Estado, esta não será muito importante. Mas como pretenderá chegar a um saldo estrutural de 0,5% do PIB sem aumentar a carga fiscal e sem despedir na função pública? Será apenas com a luta contra a fraude e a evasão fiscal? Considerando que o actual Governo já tem feito um enorme esforço nesse sentido, não se vê como será possível um aumento de receita suficiente por esse meio. Confia que o crescimento do PIB levará a que o défice desça em percentagem mesmo que o valor absoluto se mantenha? Seria necessário um crescimento enorme.

Outras medidas necessitam ser esmiuçadas para se saber a sua exequibilidade e a sua vantagem. Reduzir a taxa de abandono na escolaridade obrigatória é um desejo meritório, mas, como fazê-lo? Há um plano nesse sentido? Promover a reforma do Estado é indispensável. Mas em que sentido? Como? Que tipo de reforma? Quanto ao pacto de emprego, pelo que já se sabe, não parece que seja útil para combater o desemprego. O que é preciso é investimento, não são pactos.

O mais original é a criação de uma estação oceânica internacional nos Açores. Pode ser uma ideia esplêndida. Talvez. Mas assim desenquadrada, parece deslocada num plano de governo.

Enfim, resta-nos esperar pelas outras 65 medidas

domingo, 18 de maio de 2014

Bom senso

Os eleitores suíços revelaram um particular bom senso ao recusarem, em referendo, a fixação de um salário mínimo no país. Pouco sei da economia suíça, mas a adopção de um salário mínimo, em especial quando o valor em jogo era o mais elevado do mundo, 4000 francos (equivalente a 3270 euros) teria com grande probabilidade consequências negativas no desemprego dos trabalhadores mais jovens e menos preparados e ainda na competitividade da produção nacional.

Um comentário ouvido na TV apresentava a imagem dum trabalhador suíço e afirmava que seria um dos prejudicados pela decisão dos votantes, já que ganhava actualmente abaixo do valor proposto e não seria assim aumentado. Não ocorreu ao jornalista que, em vez de obter um aumento, o que poderia acontecer ao trabalhador em questão era ser despedido.

Vidas passadas

Até há poucos minutos ignorava o tema da pelastra que Alexandra Solnado foi convidada a proferir na Assembleia da República. Só agora soube que era «sobre a forma como "as memórias de vidas passadas podem interferir no estado actual da saúde das pessoas".» Será para isto que pagamos aos deputados? Duvido que estes senhores tenhem tido vidas passadas.

Vale a pena ler a fonte da minha informação (Maria Teixeira Alves, no Corta-fitas):

«Nem o melhor guião do Woody Allen, nos tempos áureos, se lembraria de tal coisa. Li de relance, em nota de rodapé na SIC, que Alexandra Solnado foi convidada a participar nas Jornadas da Saúde, que estão a decorrer na Assembleia da República, para falar aos deputados sobre a forma como "as memórias de vidas passadas podem interferir no estado actual da saúde das pessoas". Alexandra Solnado iria falar aos deputados, imagine-se, "de uma experiência de 12 anos de tratamento de doentes com a regressão a vidas passadas e através da limpeza de memórias". I Beg Your Pardon?! Quem terá sido a alminha que se lembrou de a convidar? Lembrei-me daquele filme do Woody Allen que a mãe lhe aparece nas nuvens...

De facto, não há nada melhor do que pagarmos aos deputados da nação para irem ouvir palestras sobre "vidas passadas". Ainda pensei que seria um sentido de humor elevado que levaria a trazer às jornadas da saúde as doenças da mente. Mas enfim. Não me quero meter com a metafísica. Mas aproveito para reproduzir uma piada de Woody Allen: Ele copiou no exame da metafísica, olhou para a alma do colega do lado.

O cancelamento da palestra de Alexandra Solnado só a surpreendeu a ela, parece-me!»

Pois a mim o cancelamento também me surpreendeu. Se foram capazes de a convidar, porque diabo tiveram o bom senso de cancelar?

Ontem, no Brasil

Dou a mão à palmatória. Afinal a comunicação social não ignorou a situação explosiva no Brasil, com protestos, manifestações e tumultos contra os gastos com a "Copa". Só que as notícias demoraram a chegar. Hoje houve a divulgação correcta dos acontecimentos.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Entretanto, no Brasil

Parece que não se passa nada no Brasil, pelo menos a avaliar pelos nossos meios de comunicação social, jornais e TV. No entanto, passam-se mesmo neste momento coisas importantes. Depois de manifestações violentas no Recife, agora é no Rio e em São Paulo que, por enquanto pacificamente, se estão a formar manifestações gigantescas contra o dinheiro gasto nos estádios para a "Copa". Estas manifestações não são novas, mas nos últimos tempos têm vindo a crescer em importância e por vezes infelizmente em violência. Desta vez parece que os organizadores tomaram precauções para evitar desacatos, mas mesmo que, como se espera, estes protestos não acabem em tumultos, não se compreende que sejam ignoradas por cá, a não ser que as simpatias por Dilma Russef, pelo ex-presidente Lula e pelo PT levem a este silêncio. Enfim, são critérios jornalísticos...


quarta-feira, 14 de maio de 2014

CNE

A CNE decidiu e decidiu bem. Só é surpreendente que não tenha sido por unanimidade numa questão tão evidente. Só por um juízo muito retorcido se pode considerar que uma reunião, mesmo extraordinária, do Governo pode ser considerada interferência no debate eleitoral, independentemente do tema da reunião e da divulgação que vier a ser dada das suas conclusões. O Governo não fica diminuído das suas funções por decorrer o período de campanha eleitoral, tem de continuar a governar e a anunciar as suas decisões. Para mim, mais evidente ainda é o caso da reunião organizada pelo BCE. Aí está já tudo dito. Fico satisfeito por a CNE não ter ido atrás do populismo dos partidos de esquerda, mas sempre gostava de saber se os votantes vencidos fizeram alguma declaração de voto para justificar o sentido do seu voto.

domingo, 11 de maio de 2014

Rigor, boa piada

Leio num rodapé de um noticiário televisivo: "PS diz que não recebe lições da direita sobre rigor orçamental." Fartei-me de rir. Lembrei-me, não só de Sócrates, mas também de Guterres e não consegui reprimir uma gargalhada.

Eu vou mesmo esperar pelas 18:30 para decidir em quem voto

O Blasfémias poupou-me o trabalho de redigir o meu artigo. Basta-me reproduzir o de JMF que subscrevo inteiramente.

«Se o ridículo matasse…
9 Maio, 2014
por
O Bloco foi queixar-se à Comissão Nacional de Eleição sobre a realização, em Sintra, de uma conferência do Banco Central Europeu por «a lei eleitoral ser bem clara ao estipular que é proibido no dia das eleições qualquer tipo de propaganda que influencie, direta ou indiretamente, o sentido de voto dos cidadãos». Quando soube do movimento do Bloco, o PS veio logo correr dizer que só não apresentava também queixa na CNE porque o Bloco já o tinha feito. Ao que parece a vinda a Portugal dos responsáveis máximos do BCE, do FMI e da Comissão Europeia, além de ser uma provocação, poderá influenciar o sentido de voto dos portugueses. Por ventura por telepatia: o encontro de Sintra, como se pode ver no programa, começa com um cocktail pelas 18h30 de domingo, isto é, quando faltarão uns 30 minutos para as urnas fecharem, pelo que se imaginam inúmeros directos das televisões para captarem, entre o croquete e a flute de champanhe, a frase assassina por que os eleitores esperam, para no último minuto da última hora de um domingo eleitoral mudarem o seu sentido de voto. Que se cuidem os presidentes das mesas, vai haver engarrafamento ao final da tarde,»

sábado, 10 de maio de 2014

RSU

Ainda somos lixo, mas um lixo de melhor qualidade, digamos da categoria de RSU, uma designação mais nobre. De qualqjuer modo, uma boa notícia, principalmente se considerada a par da melhoria da perspectiva da S&P.

No Jornal de Negócios:

«A agência de notação financeira [Moody's] elevou a classificação da dívida soberana de Portugal em um nível, de 'Ba3' para 'Ba2'. Colocou também este "rating" sob revisão para possível subida adicional. Que se pode concretizar quando a dívida do País entrar numa trajectória descendente.»

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Nunca é tarde para aprender... nem para ensinar

Aprende-se muito lendo as crónicas que Mário Soares escreve no DN. Esta semana fiquei a saber que a chaceler Merkel "tem vindo a destruir" a União Europeia. Soares explica em pormenor como chegou a esta brilhante conclusão. Aprendi também que há "partidos de extrema-direita, às vezes com o nome falso de sociais-democratas, quando são simplesmente populistas. Como é o caso português." Ora o partido que se intitula social-democrata em Portugal é, parece-me, o PSD. Pois soube agora, pela palavra de Soares, que tal denominação é falsa: é um partido de extrema-direita e, ainda por cima, populista! Deve ser o partido de extrema-direita e populista que mais tempo governou na Europa. Nem Hitler, com o seu partido Nacional-Socialista, conseguiu tal longevidade na governação.

Tomei ainda conhecimento de que "Durão Barroso [é], responsável com Bush, Aznar e Blair pela guerra no Irão, onde morreram muitos milhares de pessoas, de um lado e de outro, para nada..." Bem, aqui o disparate deve-se apenas a um engano de troca de Iraque por Irão. Desculpável. Por vezes eu também me engano e troco nomes e palavras. Também não escrevo no DN, apenas neste blog que tem um pouco menos de audiência e de responsabilidade.

Diz ainda Soares que não sabe "se a ambição da chanceler Merkel tem como modelo Hitler ou Estaline, hoje Putin." Já sabia que Soares não gosta de Merkel, mas compará-la a Hitler ou Estaline...! parece-me demasiado. Mas Soares preconiza que Merkel "ou muda com as eleições de maio, ou terminará mal. Muito mal..." Parece-me que não é uma previsão; é simplesmente o desejo de Mário Soares.