quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Autoeuropa 1-0

O que está a acontecer na Autoeuropa é um novo campo da rivalidade entre os 2 partidos comunistas, o clássico estalinista e o novo trotskista-maoista, em que o primeiro está a conseguir expulsar o segundo do seu principal (único?) bastião industrial. O PCP e a sua correia de transmissão estão neste momento a ganhar por 1-0 ao BE. Em parte, tanto quanto me é dado concluir com os poucos dados que possuo, por o BE ter cedido campo, ao aceitar os resultados de uma negociação sem ter a noção de que a maioria dos trabalhadores não estariam de acordo. Estou curioso por seguir o desenvolvimento da situação.

Cavaco disse, eu já tinha dito

Gostei da lição de Cavaco Silva na Universidade de Verão do PSD. E gostei principalmente da passagem em que citou casos em que a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia, como disse, "tirar-lhe o tapete". É outra maneira de dizer que a matemática é implacável, verdade que eu já desenvolvera, não só a propósito da Grécia, como para o nosso caso no início do Governo de António Costa. É claro que, como então eu disse, se aplicarmos a matemática a números errados, podemos obter o resultado que quisermos, justificando aparentemente os maiores disparates. Mas se, como é o caso referido por Cavaco, aplicarmos a matemática à realidade, então o resultado obtido mostrará o lado implacável da ciência exacta. E esse resultado só estará em concordância com a ideologia se essa ideologia estiver certa, caso contrário mostra os erros, as incongruências e as contradições da ideologia em questão. É o que Cavaco chama "tirar-lhe o tapete". Foi o que aconteceu quando Costa e Centeno tiveram de mudar de estratégia e, em vez de acabar, como prometido, com a austeridade, mudar de tipo de austeridade, tirando dinheiro a muitos a favor de dar mais algum dinheiro, não muito, só a alguns, além de, por outro lado, reduzir a despesa cortando no investimento e aplicando cortes cegos a que chamaram cativações. Quando Costa, Centeno e os seus seguidores concluem triunfantemente que afinal sempre havia uma alternativa, esquecem que a alternativa que encontraram à austeridade da troika foi um tipo diferente de austeridade, e só não foi mais porque o enquadramento económico internacional entretanto tem melhorado.

sábado, 26 de agosto de 2017

Ainda a iguialdde de género

Excelente artigo de Mário Amorim Lopes no Observador. A teoria da igualdade de género desmascarada.

E se eu quiser agora comprar o livro da Porto Editora para menino ou o para menina, já não o poderei fazer. No tempo do Salazarismo ainda podíamos comprar livros proibidos na Barata. E agora? Que democracia é esta que cerceia a minha liberdade? Que vai acontecer aos livros? Serão queimados, qual novo Fahrenheit 451? No nazismo os livros condenados eram queimados em público. Ao menos assumiam os seus actos. Não era menos condenável, mas era mais, digamos, honesto (ou mais descarado...)

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Igualdade de género

Como é que a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (em bom português deveria ser Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género) tolera que exista um canal de TV dedicado exclusivamente ao género feminino? Estou à espera que exija, faça forte pressão, ou pelo menos recomende que o canal SIC-Mulher seja encerrado. Tenho uma sugestão: mudar-lhe o nome para SIC-Frivolidades, designação que assenta como uma luva na respectiva programação. Não se fala em género e muito menos em sexo, palavra que caiu em desuso a não ser para designar o sexo propriamente dito. Lembrei-me de outra solução, que seria criar o canal SIC-Homem, mas, se publicar livros diferenciados para Menino e Menina é condenável, suponho que a criação de tal canal dirigido ao público masculino não seria bem aceite.

domingo, 20 de agosto de 2017

Medo

Já se tornou um lugar comum dizer que o verdadeiro herói não é o que não tem medo perante o perigo, mas sim aquele que vence o medo e actua apesar do medo. Concordo absolutamente com esta afirmação. No entanto, perante a vaga de ataques terroristas que estão a tomar uma frequência assustadora, tornou-se agora moda dizer que não temos medo, que não devemos ter medo, e que não devemos alterar o nosso comportamento e a nossa maneira de estar na vida, porque é isso que os terroristas pretendem. Parece-me que há uma contradição entre estas duas formas de encarar o perigo representado pelo terrorismo.

É certo que o que os terroristas pretendem, antes de tudo, é suscitar o terror, ou seja, o medo em alto grau. Sempre foi assim, desde o terror da Revolução Francesa. No caso do terrorismo islâmico, parece até que, seguindo uma interpretação dos versículos VIII.55 a 65 e IX.5 e 73 do Alcorão(1), os terroristas pretendem matar o máximo de não crentes e conseguir converter os sobreviventes pelo terror. Não é claro se têm consciência de que não será possível deste modo eliminar, quer por morte quer por conversão, todos os infiéis, mas o objectivo final será, pelo menos, tornar, a longo prazo, o seu modo de encarar a sua religião preponderante em todo o mundo.

Perante isto, será aconselhável e possível evitar o medo? Não me parece. Pode ser que os apelos e as afirmações contra o medo tenham uma função benéfica, evitando as alterações exageradas de comportamento, mas não devem ser de molde a prejudicar as medidas de precaução aconselháveis. Até acho bem que se façam declarações para evitar o pânico, como fez o Rei de Espanha ao declarar: "Não temos medo, e não teremos nunca!", mas o medo justificado e até salutar pode salvar vidas. O perigo existe e devemos encará-lo com coragem, mas tendo consciência de que nos pode atingir.

(1) VIII.55. As piores bestas diante de Deus são os descrentes, pois eles não crêem.
              57. Se os encontrardes na guerra, dispersa-os; os que vêm a seguir talvez meditem.
              60. Preparai contra eles a força e os cavalos ajaezados que possais, para atemorizar o inimigo
                    de Deus...
              65. Incita os crentes ao combate!... Vencereis a mil dos que não crêem...
      IX.5 Terminados que sejam os meses sagrados, matai os idólatras onde os encontrardes.
               Apanhai-os! Preparai-lhes todas as espécies de emboscadas!
           73. Combate os descrentes e os hipócritas! Sê duro para com eles! O seu refúgio será o
                 Inferno.

sábado, 12 de agosto de 2017

Novo Fausto

Descoberto manuscrito de Goethe

Foi recentemente descoberto um manuscrito de uma obra do poeta alemão Goethe desconhecida até agora. Trata-se de uma nova versão do célebre poema trágico “Fausto” (“Faust” em alemão, ) escrita em 1823, durante uma estadia de Goethe em Marienbad. Sabe-se que Goethe; após algumas versões preliminares, escreveu a primeira parte da sua principal obra, a tragédia de Fausto em 1806, mas só terminou a segunda parte em 1932, às vésperas da sua morte. Na versão agora encontrada, escrita no intervalo entre essas duas datas, é dada uma nova personalidade ao Dr. Fausto, mais aproximada, segundo os especialistas, do carácter mais ligeiro do Fausto de Marlowe, muito diferente do Dr. Fausto de Goethe. Além disso o demónio tentador não é Mefistófoles, mas sim Hieronymus. um demónio menos formal e mais político e interventivo a nível social, acolitado por muitos seguidores. Nesta versão, Fausto apaixona-se por uma donzela, mas o nome de Marguerite foi substituído por Kathrine. A interacção entre estas 3 personagens é muito mais complicada do que no Fausto conhecido, embora ainda baseada na antiga lenda alemã que está na origem de todos os Faustos: Fausto faz um pacto com o demónio a fim de ter mais poder, e, enquanto faz a corte a Kathrine, vai aproveitando os seus novos poderes para subir na escala social e conseguir influenciar a vida na sua cidade. No fim, como em todas as versões da lenda de Fausto, romances, peças de teatro e óperas, e ainda noutras lendas sobre pactos demoníacos, as coisas correm mal e Fausto cai em desgraça. Nesta versão, Hieronymus remete-o para o Inferno, onde terá tempo para se arrepender, não só de ter feito um pacto tão inconveniente, mas também dos seus actos condenáveis que o demónio o levou a praticar. O manuscrito foi encontrado numa gaveta de uma antiga escrevaninha, está em muito bom estado e vai ser publicado e traduzido em várias línguas. Esperemos pela tradução para português para podermos avaliar a profundidade da sua lição moral.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Guerra?

Passo os olhos pelos blogs que costumo ler com maior frequência e não encontro qualquer referência às ameaças norte-coreanas nem às declarações, também ameaçadoras, de Trump.  Já é tarde e talvez os blogers tenham ido dormir. Mas o perigo é grande e as notícias escassas. Será que King-Young-Un se atreverá a atacar a ilha de Gwan, como ameaça? Se for assim, será que estará a preparar a sério um ataque nuclear? Não creio que Trump decida qualquer acção militar contra a Coreia do Norte apenas em resposta a ataques verbais, mas o que poderá fazer é também imprevisível. Amanhã talvez se saiba mais.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

PCP critica

O PCP criticou o Governo por este não ter reconhecido o resultado da eleição na Venezuela para a Assembleia Constituinte. E eu que estava prestes a perguntar quando é que o PS ou o Governo criticariam o PCP pela posição de apoio à táctica de Maduro. Muitas vezes as posições políticas do PCP são divulgadas no Avante, passando desapercebidas da maioria do público. Mas desta vez, as declarações do PCP, que considera o acto eleitoral uma afirmação democrática e soberana de defesa da Paz, foram amplamente divulgadas. Perante esta confissão do que significa  para o PCP a democracia e a Paz, para mais Paz com maiúscula, o silêncio do PS e a continuidade da aceitação do apoio que este partido dá ao Governo comprometem seriamente o PS.