quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Novo imposto sobre património

A austeridade de esquerda especializou-se em dar com uma mão e tirar com a outra. Mas claro que quem recebe e quem é esbulhado não é o mesmo. A esquerda odeia os ricos e tenta apontar as baterias a quem tem mais, mas, como os realmente ricos são poucos e se sabem defender, acaba por atingir os menos ricos, os desgraçados que têm algum desafogo económico e que se vêem assim obrigados a reparti-lo por funcionários públicos, empresários de restaurantes e outras classes que a esquerda decidiu favorecer. E fala de justiça de esquerda. Sempre gostava que me explicassem que justiça é esta, tirar a uns para dar a outros. Fica uma dúvida: Porque motivo foi o anúncio da medida feito pelo Bloco de Esquerda? Se a medida ainda está em discussão, se ainda não se sabe sequer a partir de que valor será o património imobiliário taxado, se ainda não se sabe quais serão as taxas e que progressividade têm, porque foi já anunciado? Tenho uma desconfiança: O Bloco de Esquerda decidiu adiantar-se para ficar bem patente que este novo imposto foi proposto por este partido, coisa de que se orgulha, por isso provocou uma fuga de informação para o Jornal de Negócios, o que precipitou o ensejo para uma explicação no Parlamento pela voz de Mariana Mortágua. A deputada do BE é uma boa oradora e defendeu a ideia com garra, garra que faltou a Brilhante Dias, que, numa brevíssima intervenção, nada adiantou de novo. Tenho ainda uma outra dúvida: Se este imposto vai incidir apenas sobre o património imobiliário, com grande pena do PCP que o queria ver estendido ao património mobiliário, para que quer o Governo conhecer os saldos das contas de todos os residentes? É de temer pelo futuro.

E o que pensará Centeno deste imposto? Será que o imposto foi imposto pelo BE ao Ministro das Finanças? Como se explica que Centeno tenha estado na véspera no Parlamento a falar de impostos, dos directos e dos indirectos, e nada dissesse sobre um eventual novo imposto? Ou foi porque não concorda lá muito com ele ou, mais provavelmente, porque não era ainda ocasião para o anunciar.

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