quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Exigir é fácil

Exigir é fácil. Desde o miúdo que exige aos pais em choro ou aos berros um brinquedo tão caro que estes não podem comprar, até à CGTP que exige em conferência de imprensa e ameaça com "luta" um aumento de 4% nos salários e de pelo menos 40 € por mês a cada trabalhador (sem especificar se a exigência se limita aos funcionários públicos ou se engloba os trabalhadores de empresas privadas) e o aumento do salário mínimo para 600 € já no próximo ano. No que se refere ao sector privado, tudo depende da saúde económica das empresas, mas, como alertou ontem Brás Teixeira no programa Olhos nos Olhos, a exigência da CGTP, a ser satisfeita, teria impacte negativo na competitividade de Portugal, mormente nas empresas exportadoras. Mas limitando a análise ao sector público, onde é mais fácil fazer contas, é fácil verificar que, sendo o número de funcionários púbicos 473.446 (final de 2015), e sendo o seu salário médio 1621,20 euros, um aumento de 4% equivaleria a uma despesa adicional de 368 milhões de euros. Como parte desses funcionários ganharão certamente menos de 1000 euros, a despesa seria ainda maior, visto que para esses o aumento do mínimo de 40 € será correspondente a mais de 4%. No quadro da economia do orçamento para 2017, esta despesa adicional não parece fácil de acomodar. Exigir é fácil, mais difícil será aceder às exigências.

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