quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Esquerda? Não volver!

Até parece que Cavaco Silva é leitor do meu blog (um dos poucos) e concordou com a minha teoria de que a fractura política principal já não passa entre esquerda e direita, mas que "verifica-se que a grande fractura não se situa entre esquerda e direita, mas sim entre moderados e esquerdistas". Talvez os termos não tenham sido bem escolhidos, mas não encontrei outro modo para descrever por palavras simples os dois grupos em confronto: dum lado os que aceitam uma economia de mercado, a troca livre de bens e a propriedade privada dos meios de produção, do outro lado os que querem, uma economia planificada, a limitação da livre troca de bens e a apropriação colectiva dos meios de produção, ou pelo menos dos estratégicos, se necessário por meios violentos. Pode-se ser de esquerda e pertencer ao primeiro grupo, pode-se ser socialista e ser-se moderado, defendendo um Estado interveniente, mas não totalitário, a detenção pelo Estado de algumas empresas, sem limitar a iniciativa privada, a economia de mercado, com algumas medidas reguladoras. Pode-se ser de esquerda e defender um estado de direito, repudiando a apropriação violente de meios de produção. Aos que não se integram neste grupo chamei esquerdistas. Poderia, talvez com mais propriedade, tê-los designado por extremistas ou totalitaristas de esquerda. De qualquer modo, actualmente em Portugal parece que a grande fractura está, como defendi, entre o PS, por um lado, e o PCP e o BE, por outro. Segundo este critério, o PS encontra-se do ledo dos moderados, com o PSD e o CDS, embora sendo, sem dúvida, um partido de esquerda, ao contrário dos outros dois.

Voltando ao princípio, Cavaco Silva, no seu discurso de indigitação de Passos Coelho para Primeiro-Ministro, colocou a fractura exactamente no local onde eu defendi. E condenou, logicamente, soluções de governo com ligações sobre esta fractura, considerando-as inconsequentes.

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