quarta-feira, 1 de junho de 2016

O copo meio cheio de António Costa

Desde sempre me considerei a mim próprio um optimista consciente mas determinado. Sempre tive tendência a ver o lado positivo das coisas, sem descurar as precauções necessárias para neutralizar ou evitar o lado negativo que as mesmas coisas possam apresentar. Confesso que nos últimos anos e principalmente nos últimos meses o meu optimismo tem vacilado bastante. Além disso tenho sentido uma irritação crescente pelo optimismo a meu ver injustificado de alguns dirigentes políticos. Estou assim de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa quando fala no optimismo ligeiramente irritante de António Costa (Designo propositadamente ambos pelo nome e não pelo cargo, já que não se trata de posições oficiais). Bem sei que MRS se referia a uma recordação antiga; para mim é uma realidade perfeitamente actual e até eliminaria a classificação de "ligeiramente".

Mas tudo o que é demais é demais, como dizem os ingleses e diria La Palisse. E acho que agora António Costa, ou melhor, neste caso o Primeiro Ministro, exagerou ao não se mostrar nada incomodado pelas previsões da OCDE, que vêm confirmar outras previsões muito preocupantes que põem em dúvida as políticas económicas do Governo, chegando o PM a manifestar contentamento por nenhuma entidade ter até agora previsto um défice superior a 3% para este ano. Tendo em conta que a OCDE prevê um défice de 2,9% e ainda por cima considera que serão necessárias novas medidas de contenção (e a Moody's adiantou o valor de 3%), enquanto que o Governo mantém a sua previsão de 2,2%, é a primeira vez que alguém fica satisfeito por ver uma sua previsão tão posta em causa. Ainda por cima, para tentar esquecer a desgraça que se adivinha, o PM esquece as péssimas previsões para o crescimento do PIB e as anteriores de outras entidades, metendo com um sorriso a cabeça na areia.

Onde António Costa vê um copo meio cheio, eu vejo um copo meio vazio, apesar de me considerar optimista.

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