quarta-feira, 8 de junho de 2016

Diferentes noções de democracia

Quando se fala de democracia, nem todos falam da mesma coisa. Apesar da sua raiz etimológica ser clara, o conceito tem merecido interpretações diversas e mesmo divergentes. A democracia ateniense, considerada a mãe de todas as democracias, ao limitar o seu âmbito aos cidadãos livres e do sexo masculino, podia ser muito perfeita, mas era, segundo os conceitos actuais, limitada e discriminatória. As chamadas democracias populares de inspiração soviética eram a negação absoluta do conceito ocidental de democracia. Salazar chamava ao Estado Novo uma democracia orgânica, por se basear, mais em princípio do que na realidade, nas corporações. A democracia chamada ocidental, a que é seguida na Europa, na maioria dos países americanos e se tem espalhado pelos outros continentes de modo mais ou menos perfeito, que se pode considerar baseada na Magna Carta, por um lado, e nos princípios iluministas que levaram à Revolução Francesa, é a que mais se aproxima do ideal da Grécia antiga, tendo aperfeiçoado os seus métodos e a sua abrangência. No entanto, os defensores da democracia popular e das políticas de extrema esquerda, designam a democracia ocidental  depreciativamente, como "democracia burguesa" e trabalham arduamente para a destruir.

Só neste quadro de subjectividade se pode compreender a frase que ouvimos recentemente ao Primeiro Ministro António Costa: "O PS devolveu a democracia ao País!" Das duas uma, ou António Costa pensa que foi o PS que provocou o 25 de Abril ou então considera que durante o Governo anterior da coligação PSD-CDS/PP não vivíamos em democracia. Que conceito tem AC de democracia. Será que pensa que por chamar a colaborar no poder partidos que são contra a nossa democracia, contra a "democracia burguesa", terá um País mais democrático? Parece-me que o mais provável é que António Costa não pense bem no que diz, como tem sido evidente noutras ocasiões em que se ouviram disparates semelhantes.

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