sábado, 14 de novembro de 2015

Os partidos são todos iguais?

Uma noção simplista da democracia tem levado alguns a afirmar que não se deve fazer distinção entre partidos, que todos são igualmente aceitáveis numa democracia, que a noção do chamado "arco da governação" está errada e deve ser erradicada, que o muro que separa os partidos democráticos dos partidos extremistas revolucionários deve ser demolido. Numa visão legalista, tudo isto é verdade, mas como cada partido tem as suas próprias características e o seu próprio programa é forçoso reconhecer que os partidos não são todos iguais. Isto é evidente quando temos em conta que há partidos que se podem coligar para concorrerem ou para governarem em conjunto, mas para isso é condição indispensável que tenham programas compatíveis, embora diferentes. Numa perspectiva diferente, há que reconhecer que numa democracia como a nossa existem partidos que preconizam a destruição da própria democracia tal como nós a entendemos; são os partidos extremistas, tais como os anarquistas, os fascistas e os comunistas. Entre nós, os partidos fascistas estão interditos, anarquistas não há, mas o partido comunista é aceite como legítimo e tem os mesmos direitos de representação e de acção que os outros partidos. Os comunistas aceitam por estratégia, quando aceitam, o jogo democrático, mas o fim último é a substituição da nossa forma de democracia, a que chamam depreciativamente "democracia burguesa", por outras formas de governo. Não advogo a interdição do Partido Comunista nem de outros partidos que, com nomes diferentes, têm a mesma ideologia, mas não tenho dúvidas de que é natural que os partidos democráticos tenham desconfiança dos comunistas e recusem por princípio aliar-se a quem se submete à democracia na esperança de um dia haver oportunidade de a destruir. Os objectivos dos comunistas estão bem patentes nos estatutos do PCP e na extensa literatura do seu jornal, o Avante, ou ainda nos textos dos seus fundadores, nomeadamente no Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, que termina com a frase: "Os comunistas proclamam abertamente que os seus fins só poderão ser atingidos pela transformação violenta de toda a ordem social". Há quem o lembre, vejam-se os artigos publicados no Observador por José Bianchi "PCP: um partido de funcionários políticos" e por Paulo Tunhas "Uma introdução ao marxismo-leninismo" ou ainda o excelente artigo de Clara Ferreira Alves no Expresso "Anticomunista, obrigada!"

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