quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Mário vs. Álvaro

Assisti ontem a parte de duas entrevistas. Não pude seguir nenhuma na totalidade por terem coincidido em parte no horário. Mas o que vi foi suficiente para comparar duas maneiras de estar na política, dois modos de expor as suas ideias e duas medidas da clareza dessas ideias. Na RTP3, Vítor Gonçalves entrevistou Mário Centeno das 22:30 às 23:30. Na SIC-Notícias, José Gomes Ferreira entrevistou Álvaro Santos Pereira. Que diferença! Enquanto Centeno mostrou dificuldade em explicar as suas opções financeiras, ou melhor, as opções financeiras que foi obrigado a engolir depois das cedências do PS aos partidos de extrema-esquerda que se ofereceram para dar algum apoio parlamentar no caso de o PS vir a formar governo, falou de modo pouco estruturado, não respondeu claramente a algumas das questões que Vítor Gonçalves, com grande profissionalismo lhe colocou,repetiu alguns chavões e não soube explicar claramente as soluções que encontrou para poder suportar os gastos que as alterações ao programa acordadas acarretarão, Santos Pereira foi rigoroso, claro e incisivo nas suas respostas, não se furtando mesmo a responder a algumas questões um pouco provocatórias de Gomes Ferreira sobre a sua saída do Governo e a opinião sobre a política económica seguida depois de já ter cessado funções.

A impressão com que fiquei é que Santos Pereira foi um ministro com ideias claras e com capacidade de realização, enquanto Centeno pode vir a ser um executor fiel, mas que se acomoda sem resistência a políticas que não são a sua opção própria. Confirmei os receios que já tinha sobre a impossibilidade de conciliar o fim da austeridade com os compromissos de Portugal para com a União Europeia e o euro. A ideia de manter uma rota de consolidação orçamental mas de modo mais lento pode ser benéfica, não tenho conhecimentos de economia suficientes para o discutir, mas Centeno não me conseguiu convencer.

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