domingo, 22 de novembro de 2015

Golpe

Não consigo compreender por que critério Sócrates defende que o plano de António Costa para atingir o poder, aliando-se aos comunistas do PCP e do BE para derrubar o Governo recém-formado e forçar o PR a indigitá-lo como Primeiro-ministro dum governo minoritário, não é um golpe, afirmando que golpe foi a queda do seu Governo em 2011 quando os partidos "da direita" se aliaram à extrema-esquerda para o derrubar. Não compreendo por duas razões:

Primeiro: O PSD e o CDS não derrubaram o Governo de Sócrates em 2011, apenas votaram contra um diploma legislativo, o PEC IV. Que o seu voto tenha coincidido com os do PCP e do BE não é da responsabilidade do PSD e do CDS. Votar no parlamento contra um diploma é um direito de qualquer deputado. Que Sócrates tenha julgado necessário pedir a demissão em virtude da reprovação do PEC IV, foi uma decisão sua e não era obrigado a fazê-lo.

Segundo: Não houve qualquer aliança entre o PSD, o CDS e o PCP mais o BE; votaram todos do mesmo modo porque o seu julgamento sobre o PEC era coincidente. Mas mesmo que tivesse havido uma aliança, porque seria mais golpe do que a aliança agora declarada, embora baseada em frágeis acordos, do PS com os mesmos partidos de extrema-esquerda? O conceito de golpe parece ser apenas válido quando praticado pelos partidos à direita do PS.

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