sábado, 3 de novembro de 2012

Ao que chegou este país...

Ao que chegou este país! O Parlamento cercado por centenas de manifestantes gritando "Demissão!", alguns exaltados a ponto de, entre insultos, provocarem a polícia, de atirar pedras, garrafas e petardos. Durão Barroso vaiado e insultado por uma dezena de indivíduos à saída de um teatro em Almada. Manifestações de indignados, de trabalhadores, de pensionistas, de militares. Na manifestação diante da AR no dia da votação na generalidade do OE para 2013, as TVs até entrevistaram mascarados. Alguns dos entrevistados, sem máscara, afirmavam com ar calmo que "isto não vai lá sem violência". Já na manifestação da CGTP de 29 de Setembro no Terreiro do Paço, um estivador defendia que "era preciso sangue". No dia 31, frente à AR, todos pediam demissão, mas não sei bem de quem; como estavam à porta do Parlamento, seria de admitir que queriam a demissão dos deputados, mas perece-me que o verdadeiro alvo era o Governo. Em vários cartazes lia-se "O orçamento não passará". Suponho que a maioria dos portadores destes cartazes e dos que gritavam slogans do mesmo tom não terão a mínima ideia das consequências de uma reprovação do orçamento.

Um manifestante afirmava que "O Povo perdeu o medo". Não sei porque razão o Povo havia de ter medo: Vivemos em democracia e ninguém é prejudicado por expressar a sua opinião ou por se manifestar (desde que não atire pedras à polícia, obviamente). Parece-me que, perante os insultos, as ameaças e os apelos à violência o que alguns perderam foi a vergonha e a dignidade, mas esses não são "o Povo", podem pertencer ao Povo, mas são uma pequena parcela desse Povo.

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