quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Carros velhos

A anunciada medida de proibição da circulação de carros antigos nas zonas centrais de Lisboa é um verdadeiro atentado à liberdade de circulação dos cidadãos e pode contribuir para um retrocesso no equilíbrio da balança de pagamentos com o exterior. O meu velho carro, de 1998, anda perfeitamente e ainda há dias passou na inspecção obrigatória. Quando vou à baixa utilizo normalmente os transportes públicos e só uso o automóvel se preciso levar companhia. Pois a partir de Abril ou Maio do próximo ano já não me posso dar a esse luxo: na baixa e na Avenida da Liberdade não há liberdade para circular com veículos automóveis anteriores ao ano 2000! Sou o mais possível a favor dos transportes públicos e gosto mesmo de andar de metro, mas nem todas as pessoas têm a facilidade que eu ainda vou tendo de subir e descer escadas e nem todos os locais estão bem servidos de transportes. Mas há mais: A minha filha tem um carro ainda mais antigo, uma coisa que a Câmara considera, ao que parece, quase pré-histórica, com matrícula de 1994. Apesar de ser dotado de catalisador e de estar em muito bom estado, a partir de 2013 não poderá entrar na zona limitada pela Av. de Ceuta, Eixo Norte-Sul, Av. Forças Armadas, Av. E.U.A., Av. Marechal António Spínola, Av. Santo Condestável e Av. Infante D. Henrique, isto é, a maior parte da cidade. Estes casos familiares servem apenas para exemplo, mas penso que são, em certa medida, representativos de muitas situações. Andei pelo meu bairro a olhar para as matrículas dos automóveis estacionados. Há alguns, não muitos, anteriores a 1996, que estão, portanto, na situação do carro da minha filha, mas os anteriores a 2000 são muito numerosos. Pensou o Presidente da Câmara nos inconvenientes que causa aos numerosos munícipes proprietários destas carros? Os casos dos táxis e dos veículos que fazem entregas ou outras deslocações em serviço por toda a cidade são talvez os mais graves, mas muitos particulares serão muito prejudicados. Alguns serão mesmo forçados a adquirir automóveis novos para poder fazer as deslocações a que estão obrigados para irem trabalhar, levar filhos às escolas ou outras razões, tendo de investir quantias importantes num momento de crédito escasso e de dificuldades financeiras. Ainda por cima, o valor dos seus carros velhos passará a ser praticamente nulo. A importação em quantidade extraordinária de novos automóveis terá influência negativa nas contas nacionais. Ainda não apareceu uma petição a solicitar a suspensão desta medida, mas será por demais justificada.

1 comentário:

Bmonteiro disse...

Aqui está uma boa oportunidade.
Embora pouco crente de petições.
Propor uma, via ACP.