sábado, 21 de abril de 2012

Bancarrota

Nas mensagens políticas há que ter o máximo cuidado com a linguagem. Uma pequena imprecisão pode ter consequências ou pelo menos dar azo a comentários.

Estranhei as notícias segundo as quais a Ministra da Justiça teria dito que Portugal estava na bancarrota. Pensei que deveria ter havido alguma má interpretação das palavras da ministra ou que pelo menos a frase tinha sido tirada do contexto. Mas pouco tempo depois vi nas notícias televisivas que a frase tinha mesmo sido proferida. Creio que foi uma declaração infeliz. Para já não compete à Ministra da Justiça tecer considerações tão gerais sobre as finanças do País; tal tarefa deverá ser reservada ao Ministro das Finanças ou ao PM. Além disso, se a ministra desejava explicar de forma enfática a impossibilidade de suavizar as medidas de austeridade, poderia simplesmente dizer: "Não há dinheiro!" ou ou qualquer outra frase que não implicasse uma declaração de bancarrota. Não é só pelo receio de reacções dos famigerados mercados, que conhecem bem a nossa situação se não se deixam influenciar por uma simples declaração, mesmo inapropriada; é que não é exacto.

Felizmente, logo a seguir, o ministro Paulo Portas, talvez como reacção, veio esclarecer que o Governo está a fazer tudo para afastar Portugal da bancarrota. Logo, não está, para já, em situação de bancarrota. De facto, embora sob resgate com todas as suas consequências, Portugal ainda não falhou qualquer pagamento de dívidas internacionais vencidas, nem é provável que tal venha a acontecer durante a vigência do programa de assistência.

Sem comentários: