domingo, 13 de julho de 2014

O triunfo e a derrota, eternos impostores

Custa-me muito compreender a paixão futebolística e, em geral, toda a paixão clubística, principalmente quando levada ao extremo. Não entendo como é possível chorar convulsivamente por o seu clube ou a selecção do seu país perder um jogo ou mesmo um campeonato. Compreendo que as pessoas se preocupem com as circunstâncias que têm influência na sua vida, em especial na sua felicidade, a ponto de chorar quando alguma coisa lhes corre mesmo mal. Mas chorar porque os 11 indivíduos que representam o seu clube ou o seu país não conseguiram meter a pontapé uma bola numa baliza é coisa que me ultrapassa. Confesso que não gosto de futebol e, embora admire a habilidade de alguns bons jogadores, sou incapaz de seguir mais do que breves minutos um jogo na televisão. Os resultados deixam-me indiferente ou quase. Mas não pretendo que todos ou mesmo a maioria tenham a mesma falta de gosto por este desporto. Posso mesmo dizer que, embora eu não tenha estes sentimentos, compreendo alguma alegria por um triunfo ou alguma tristeza por uma derrota. Mas daí a ficar destroçado ou enraivecido, a chorar ou ter uma tristeza profunda por uma derrota, como se de morte de parente próximo ou de um amigo se tratasse, aí ultrapassa a minha compreensão. Do mesmo modo as festividades em caso de vitória parecem-me sempre exageradas.

Neste capítulo, como noutros, estou de acordo com Rudyard Kipling, quando no poema Se(1) diz:
"Se podes encarar com indiferença igual o triunfo e a derrota, eternos impostores..." e depois de muitos outros "ses", afirma: "Alegra-te, meu filho, então serás um homem!"

(1) Se, de Rudyard Kipling, na tradução de Félix Bermudes, quanto a mim a mais conseguida. Outra tradução, a do brasileiro Guilherme de Almeida, junto do original inglês "If" pode ser vista na Folha de São Paulo on-line.

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