domingo, 20 de julho de 2014

Fomento da natalidade

As propostas de medidas anunciadas para combater a diminuição da natalidade baseiam-se em grande parte em incentivos económicos. É certo que muitos casais se desculpam da sua pouca vontade para criarem descendência ou para adoptarem a regra chinesa do filho único com as dificuldades económicas, mas não é certo que seja sempre essa a verdadeira razão. Para ajuizar da justeza desta posição, covirá meditar que a natalidade era muito superior nas épocas em que o grau de pobreza em Portugal era muito superior e em que mesmo grande parte da classe média não tinha possibilidades de dispor de factores de conforto que hoje são considerados indispensáveis. Basta ver estatísticas dos anos 30, 40 ou 50 do século passado sobre o número de automóveis por 100 habitantes e mesmo de outros bens hoje tão vulgares como telefone em casa, frigorífico ou aspirador. Não é preciso ir às épocas em que estes bens eram novidade, basta perguntar a pessoas de 80 anos como era na época da sua juventude. E, apesar destas circunstâncias, o número de filhos por mulher era muito superior. Além disso é nos países mais desenvolvidos e mais ricos que a natalidade mais caiu.

Não quero dizer que algumas das medidas propostas, mesmo de carácter económico, não possam ser úteis ou justas. O que me parece é que o problema não é predominantemente económico.

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