domingo, 9 de julho de 2017

Direita

Os meios de comunicação social adoptaram como seu o critério de designar como "direita" em política portuguesa a área que engloba os partidos que não se reclamam de esquerda, nomeadamente, dentre os principais partidos, o PSD e o CDS/PP. Este critério foi lançado pelos partidos de esquerda radical e alegremente adoptado por comentadores de diversas tendências e políticos de diversos meios. Quanto a mim erradamente.

Os conceitos de direita e esquerda não possuem definições unívocas nem geralmente aceites. A noção básica é evidente, mas os limites que permitiriam situar uma determinada ideologia, um tipo de pensamento, uma tendência política, um partido ou um modo de acção política na esquerda ou na direita não são tão evidentes e estão sujeitos a discussão. Vejamos o que diz a Wikipédia sobre o assunto. Diz muito, mas em resumo define a esquerda como incluindo "progressistas, sociais-liberais, ambientalistas, social-democratas socialistas, democrático-socialistas, libertários socialistas, secularistas, comunistas e anarquistas ", enquanto a direita incluiria "capitalistas, neoliberais, económico-libertários, conservadores, reacionários, neoconservadores, anarcocapitalistas, monarquistas, teocratas, nacionalistas, fascistas e nazis." Mais adiante, cita o critério de Klaus von Beine, que definiu o seguinte espectro da esquerda para a direita: "comunismo, socialismo, política verde, liberalismo, democrata cristão, conservador e extrema-direita." Se bem que estas definições sejam discutíveis e tenham como base diversas tendências incluídas, que necessitarão elas próprias de serem definidas, são suficientes para uma ideia geral. Ora, segundo este critério, não me parece que o PSD ou o CDS possam ser classificados como direita, quando muito serão de centro-direita, notando-se mesmo, em certas tomadas de posição, laivos de esquerda.

De resto, como já vi defendido, o espectro político não se pode definir exactamente num eixo, isto é, numa única dimensão; são necessárias pelo menos duas dimensões, que permitem a classificação num plano por meio de uma figura triangular ou quadrangular, como se representa no artigo de Denys Andrade «A “incipiente nebulosa sem forma” dará as cartas na próxima década» (aplicado ao caso brasileiro, mas facilmente adaptado a outras realidades).
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