terça-feira, 2 de maio de 2017

Salários milionários

Os salários elevados voltam a ser notícia. Diz-se que há gestores que ganham até 100 vezes o salário médio doa trabalhadores que eles gerem. Na notícia que se segue conclui-se que o "até" é abusivo, já que alguns ultrapassam este limiar. Fala-se de ganhos escandalosos. E realmente aos pobretanas como eu que ganham mais perto do salário médio português (que, segundo dizem, anda pelos 900 €) esses valores muito elevados fazem uma certa impressão. Será que merecem, que a sua contribuição para o desempenho das empresas que gerem justifica o que ganham? Curiosamente não é essa a discussão que se levanta. É muito e ponto parágrafo. Nem considerar que em empresas privadas, como é o caso quase geral, os accionistas são livres (e devem ser livres) de fixar os salários dos seus empregados, e os gestores são empregados, bem pagos, mas assalariados como os outros. Fala-se  em justiça social. Tenho uma ideia do que representa a justiça, mas a justiça social não sei o que seja. É como a ética republicana. Para mim, ética é ética. Não distingo a republicana de outras éticas.

Mas voltemos aos salários milionários. Fala-se concretamente de alguns gestores muito bem pagos, como Alexandre Soares dos Santos, Paulo Azevedo, Zeinal Bava, Mexia e outros. Mas para mim interessaria saber quantos são a ganhar esses balúrdios e a quanto monta o total desses rendimentos. Ouvi o PR dizer que serão 20. Suponho que se trata de uma conclusão baseada no número de empresas que compões o índice PSI 20, que há quem confunda com o número de empresas cotadas na bolsa. Mas mesmo que sejam 40 e que ganhem o mesmo do que Zeinal Bava recebeu no ano passado, 1,41 milhões de euros (é o valor mais elevado citado na notícia da TVI sobre o assunto). Teríamos um total de 56 milhões. Dividido este total pela população activa (5,17 milhões em 2016), daria 11 euros por ano a cada trabalhador. Conclusão: nem vale a pena falar mais no assunto.

Só mais uma nota: A notícia da TVI mencionada refere também alguns rendimentos de políticos e ex-políticos, como Alberto João Jardim (5000 euros mensais), Cavaco Silva (10000 euros), Santana Lopes (5178 por mês). De milionários não têm nada. Justificados ou não, a mim não escandalizam, apesar de ser muitíssimo mais do que eu poderia sonhar. Citar estes rendimentos de salários e pensões só pode ser considerado miserabilismo.

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