segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Austeridade e populismo

Há dias li na TV a seguinte frase: "Socialistas europeus querem unir-se contra a austeridade e o populismo". Só assim. Não sei quem, de entre os socialistas europeus, quer tal coisa, não sei se o Partido Socialista Europeu, que reúne vários partidos socialistas de vários países europeus, é o autor desta iniciativa nem sei o que significa em concreto unirem-se contra seja o que for. Não sei porque, como é frequente, as TVs fogem a explicar estes pormenores. É a verdade a que temos direito... Mas o que sei é que a frase em si tem uma contradição insanável: é que o discurso contra a austeridade que aparece regularmente no discurso dos mais variados socialistas é o mais puro populismo. Assim é impossível lutar-se, unidos ou desunidos, contra as duas coisas ao mesmo tempo. Os socialistas insistem que a austeridade é uma opção, que é possível combater a austeridade. No caso particular de Portugal, a afirmação tem ainda um aspecto mais contraditório, porque quem provocou a necessidade de um "tratamento" financeiro do País com austeridade foi o PS, quem negociou os termos em que essa austeridade teria de ser aplicada foi o PS. Aparecer agora a prometer acabar com a austeridade, acusando o governo anterior de a ter aplicado por opção ideológica é exactamente populismo. Só será possível aliviar as medidas de austeridade porque o Governo de Passos Coelho criou as condições em que isso é possível. Mesmo assim já está à vista que não é possível fazer esse alívio tão rapidamente como o PS prometeu na campanha eleitoral (e apesar disso não conseguiu ganhar as eleições). Vir gabar-se de estar a acabar com a austeridade porque se governa melhor que os outros é exactamente populismo.

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