segunda-feira, 22 de julho de 2013

Não, não voltámos à casa inicial

Perante a derrota do compromisso de salvação nacional, Cavaco saiu-se muito bem. Explicou em poucas palavras mas num discurso lógico que a tentativa de compromisso tinha vantagens, lamentou a impossibilidade de acordo, mas não culpou ninguém. Depois tomou a única decisão lógica: manter o Governo, e, mais do que isso, manter a confiança no Governo e reconhecer-lhe condições de cumprir a legislatura até ao fim. Na minha opinião nem tudo ficou como no início; o Governo sai reforçado, venha a fazer ou não uma remodelação. É estranho que o anúncio de que ia apresentar uma moção de confiança tenha sido feito pelo PR, mas esta notícia fez parte da estratégia de Cavaco de tentar reforçar a confiança no Governo. Não voltámos à casa inicial do jogo: O episódio da tentativa de compromisso veio clarificar a situação e mostrar que os insistentes pedidos de eleições antecipadas deixam de fazer sentido por inutilidade evidente. Além disso, a publicação do documento apresentado pelo PS como contribuição para um acordo mostrou à evidência que o PS não queria mesmo qualquer acordo e só estava a fingir corresponder ao apelo do PR para não ficar com o ónus da recusa. Seguro sabia que não convinham ao PS eleições antecipadas, nem agora nem em Setembro de 2014, já que a situação em qualquer dessas duas ocasiões obrigavam o PS a tomar medidas muito impopulares, contrárias ao que tem vindo a afirmar. Mas a estratégia de fingir colaborar e sabotar qualquer consenso foi demasiado evidente. As dificuldades de entendimento entre Passos e Portas não terão desaparecido, mas o episódio deve contribuir a que se entendam.

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