segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Quantos eram (na manif em Lisboa)?

Já me habituei a desconfiar sempre dos números anunciados de participantes em manifestações. Desta vez, com a manifestação "Que se lixe a troika. Queremos a nossa vida.", a desconfiança foi grande perante o número apontado e acriticamente repetido de 500.000 participantes em Lisboa. Claro que as imagens mostravam que eram muitos, mas meio milhão não são muitos, teriam de ser muitíssimos.



Os maiores estádios de futebol têm capacidade para 50.000 a 70.000 assistentes, e estão sentados sem intervalos entre si. Outros também desconfiaram do número apregoado.

Dei-me ao trabalho de medir as dimensões dos locais em que a manifestação começou, por onde passou e onde terminou, usando para isso os mapas do Google e a respectiva escala. Aproximadamente a Praça José Fontana terá 7500 m2, a Rua Engenheiro Vieira da Silva uns 3600 m2, o troço da Fontes Pereira de Melo até ao Saldanha apenas 500 m2, o Saldanha deve ter 7854 m2, a Avenida da República até ao início da Av. Berna 20.250 m2 e esta última avenida, em todo o seu comprimento 17.000 m2. Por sua vez, a Praça de Espanha tem de 21.600 m2 a 25.375 m2 conforme se não contarmos com o espaço do terminal rodoviário ou se incluirmos este. No total teremos no máximo 82.079 m2. Ora, mesmo que os manifestantes enchessem integralmente todos estes espaços, o que não aconteceu nem acontece em manifestações que percorrem um percurso, para conter em todas estas artérias 500.000 pessoas, estas teriam de estar apinhadas numa razão de 6 pessoas por metro quadrado, o que é fisicamente impossível. As imagens passadas nas TVs apontam antes para uma média de 1 pessoa por m2 ou menos, atendendo aos espaços abertos entre os manifestantes. Além disso será de supor que, quando no final do percurso, encheram a Praça de Espanha, já a Praça José Fontana e pelo menos metade do percurso deveriam estar praticamente vazios. Estes dados levam a pensar que o número de manifestantes não seria superior a 41.000 e provavelmente muito menos. A estimativa de 500.000 só pode ter sido atirada para a comunicação social por vontade de enganar ou por erro grosseiro.

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