sábado, 8 de setembro de 2012

Austeridade e medidas

Ouvi, como todos os portugueses interessados no futuro - próprio e do País - a declaração do Primeiro Ministro sobre as medidas que pretende tomar no orçamento do próximo ano, normalmente chamadas "medidas de austeridade", embora nem todas sejam austeras em rigor. Como pensionista, claro que não tive razões para ficar contente, já que vou continuar a ter 2 subsídios cortados, ou seja, mantém-se um corte de 14% no meu rendimento. Como pai, lamento que os meus filhos também sejam afectados, quer pelo lado dos trabalhadores privados, que passam a ter agora os seus rendimentos também tocados, quer como funcionários públicos, que conservam os cortes, embora parcialmente por uma via diferente. Mas em geral pareceram-me medidas justas e adequadas, pelo que me dispenso de as criticar. Não estou em sintonia com o coro de críticas e lamento que os aspectos positivos tenham sido silenciados pelos comentadores. Por isso gostei de ler Carlos Faria no blog Forte Apache:


«O que não se fala sobre as novas medidas de austeridade

Contrariamente ao que se especulava há muito tempo sobre o provável aumento da austeridade já este ano para cobrir o desvio do défice de 2012, nada foi anunciado e os especuladores desse boato não assumem o seu falso prognóstico, nem os OCS que deram cobertura a tal especulação fazem agora um mea culpa.
O aumento da taxa para 18% na segurança social é aplicado 14 vezes nos privados, o que dá de facto a quase perda de um salário ou subsídio (98%), mas é de apenas 12 vezes na função pública, pois o subsídio é reposto por duodécimos, o que deve equivaler a um corte de 91% (84+7 sobre o duodécimo). Logo por esta via não é linear o corte dos dois subsídios integralmente.
Não se fala do crédito de IRS a atribuir aos salários mais baixos, aspeto que mostra preocupações sociais neste governo, não só por este pormenor não estar devidamente quantificado, mas talvez por não importar a alguns evidenciar esta circunstância de justiça para com os mais desfavorecidos.
Não se fala também, porque se desconhece em pormenor, como serão implementadas outras medidas sobre outros rendimentos conforme o Primeiro Ministro deixou claro no discurso, mas já se diz, sem se saber, que não há austeridade para os ricos e os rendimentos de capital.
Não se fala ainda, porque também se desconhece em pormenor, os efeitos das alterações de escalão de IRS, mas já se diz que vai ser desfavorável aos trabalhadores, o que é admissível, mas é ainda mera especulação.
Em resumo: as medidas são de austeridade, mas com uma comunicação social amiga procura-se branquear os aspetos que evidenciem preocupações sociais, especula-se sobre injustiças que ainda se desconhecem e ainda apaga-se da memória as especulações negativas exageradas que já se propagaram como se nada tivesse sido dito

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