segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ninguém nos vai devolver nada

Ainda não se sabem pormenores das medidas de austeridade que serão adoptadas depois da reprovação da mexida na TSU. No entanto parece que ninguém ou quase ninguém se apercebeu que o abandono daquela mexida só afecta o défice em 7-5,75=1,25% do rendimento total dos trabalhadores do sector privado. Se se aperceberam disso, os comentários dos parceiros sociais e dos jornalistas não o dão a entender. Por isso o corte de parte ou da totalidade de um subsídio só teria de cobrir aquele diferencial. No sector público há apenas a substituição do aumento da taxa para a SS por um corte parcial de um dos subsídios, se entendi bem. Esperemos que as coisas se clarifiquem.

Há contudo um pormenor de linguagem que pode lançar alguma confusão. Quando ouvi um jornalista afirmar que um dos subsídios cortados aos funcionários públicos e aos pensionistas seria "devolvido", pensei que a expressão "devolvidos" não seria a mais correcta e que se devia a uma daquelas imprecisões de linguagem que são frequentes. No entanto, logo a seguir, ouvi o próprio Primeiro Ministro utilizar a palavra "devolução". Os mais incautos ou pouco informados poderão pensar que o Estado irá devolver o dinheiro cobrado ou não pago em 2012. Afinal não haverá qualquer devolução, mas sim a eliminação, em 2013, do corte de parte de um subsídio, isto é, uma diminuição em relação ao presente ano dos cortes no orçamento do próximo ano que está agora a ser discutido. Ninguém nos vai devolver nada.

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