A China tenta de tempos a tempos encenar uma tímida abertura para agradar aos países com quem mantém relações, principalmente comerciais. Aproveitou os Jogos Olímpicos para mostrar o seu lado mais moderno e desenvolvido. Mas o seu carácter anti-democrático e a falta de respeito pelos direitos humanos tornam inevitavelmente por vir ao de cima e quando os seus interesses de domínio estão em jogo nem tenta disfarçar.
Mais uma vez, ao cancelar o encontro com a União Europeia já acordado e programado com Sarkozy, pela simples razão de este ter agendado um encontro com o Dalai Lama, não deixa esquecer que continua a ser uma ditadura férrea, em que um partido domina toda a vida do país sem qualquer contemporização. O facto de, depois das reformas de Teng Xiaoping, ter abandonado na prática o comunismo, como propriedade exclusiva dos meios de produção pelo estado e planificação económica global, e adoptado a economia de mercado, deixando crescer o capitalismo mais selvagem, não impede que no aspecto de regulação política o domínio do Partido Comunista continue absoluto.
Se a União Europeia se curva servilmente e admite em silêncio estes atropelos à sã convivência internacional, torna-se cúmplice e contribui para a perpetuação da situação.
3 comentários:
O problema é que a política acaba por excluir quaisquer considerações éticas ou até a atenção à verdade. É só uma questão de poder.
E isso explica quer a atitude da UE quer as atitudes da China, relativamente ao Tibete, à democracia interna e ao modo como interpreta o comunismo.
De comunismo já só tem o nome - o que, não fosse a falta de democracia, não seria mau.
Faz lembrar o modelo de avaliação que o governo tem tentado impor. De cedência em cedência, de avaliação já só tem o nome - o que não seria mau (pois o modelo é péssimo), não fosse a circunstância da avaliação dos professores ser necessária.
E também aí é uma questão de poder, e não de verdade e de ética. O principal é o governo não perder a face, agora que se aproximam as eleições.
Carlos Pires,
Justíssima, a sua apreciação. Se quisermos aplicar considerações éticas ou, como diz, até de atenção à verdade, às tácticas e estratégias políticas acabamos, na maioria dos casos, por ficar desapontados. Haja, pelo menos, quem denuncie os casos concretos.
Comparo esta "coisa" dos blog, aquela outra das cerejas. Chegamos a um através de outro e assim se vai travando conhecimento com as escritas e as ideias de um imenso universo de pessoas que, de uma forma ou de outra, partilham virtualmente as suas experiências e conhecimentos. Por isto, aqui cheguei.
Relativamente ao assunto do seu post, caro Freire de Andrade, devo dizer-lhe que ainda não consegui entender o paradoxo que motiva diferentes civilizações, a pretender enquadrar-se numa globalização, tendo contudo a consciência plena das diferenças que os caracterizam. Continuo a acreditar que o intercâmbio comercial e cultural, são a motivação maior para que as diferentes culturas persistam numa suposta aproximação fraternal, mantendo contudo em ebulição ancestrais disputas por vezes baseadas em diferenças religiosas.
Gostei de ler as suas opiniões.
Enviar um comentário