sábado, 29 de novembro de 2008

China e Dalai Lama

A China tenta de tempos a tempos encenar uma tímida abertura para agradar aos países com quem mantém relações, principalmente comerciais. Aproveitou os Jogos Olímpicos para mostrar o seu lado mais moderno e desenvolvido. Mas o seu carácter anti-democrático e a falta de respeito pelos direitos humanos tornam inevitavelmente por vir ao de cima e quando os seus interesses de domínio estão em jogo nem tenta disfarçar.

Mais uma vez, ao cancelar o encontro com a União Europeia já acordado e programado com Sarkozy, pela simples razão de este ter agendado um encontro com o Dalai Lama, não deixa esquecer que continua a ser uma ditadura férrea, em que um partido domina toda a vida do país sem qualquer contemporização. O facto de, depois das reformas de Teng Xiaoping, ter abandonado na prática o comunismo, como propriedade exclusiva dos meios de produção pelo estado e planificação económica global, e adoptado a economia de mercado, deixando crescer o capitalismo mais selvagem, não impede que no aspecto de regulação política o domínio do Partido Comunista continue absoluto.

Se a União Europeia se curva servilmente e admite em silêncio estes atropelos à sã convivência internacional, torna-se cúmplice e contribui para a perpetuação da situação.

3 comentários:

Carlos Pires disse...

O problema é que a política acaba por excluir quaisquer considerações éticas ou até a atenção à verdade. É só uma questão de poder.

E isso explica quer a atitude da UE quer as atitudes da China, relativamente ao Tibete, à democracia interna e ao modo como interpreta o comunismo.
De comunismo já só tem o nome - o que, não fosse a falta de democracia, não seria mau.

Faz lembrar o modelo de avaliação que o governo tem tentado impor. De cedência em cedência, de avaliação já só tem o nome - o que não seria mau (pois o modelo é péssimo), não fosse a circunstância da avaliação dos professores ser necessária.

E também aí é uma questão de poder, e não de verdade e de ética. O principal é o governo não perder a face, agora que se aproximam as eleições.

Freire de Andrade disse...

Carlos Pires,

Justíssima, a sua apreciação. Se quisermos aplicar considerações éticas ou, como diz, até de atenção à verdade, às tácticas e estratégias políticas acabamos, na maioria dos casos, por ficar desapontados. Haja, pelo menos, quem denuncie os casos concretos.

Bartolomeu disse...

Comparo esta "coisa" dos blog, aquela outra das cerejas. Chegamos a um através de outro e assim se vai travando conhecimento com as escritas e as ideias de um imenso universo de pessoas que, de uma forma ou de outra, partilham virtualmente as suas experiências e conhecimentos. Por isto, aqui cheguei.
Relativamente ao assunto do seu post, caro Freire de Andrade, devo dizer-lhe que ainda não consegui entender o paradoxo que motiva diferentes civilizações, a pretender enquadrar-se numa globalização, tendo contudo a consciência plena das diferenças que os caracterizam. Continuo a acreditar que o intercâmbio comercial e cultural, são a motivação maior para que as diferentes culturas persistam numa suposta aproximação fraternal, mantendo contudo em ebulição ancestrais disputas por vezes baseadas em diferenças religiosas.
Gostei de ler as suas opiniões.