quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Cavaco disse, eu já tinha dito

Gostei da lição de Cavaco Silva na Universidade de Verão do PSD. E gostei principalmente da passagem em que citou casos em que a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia, como disse, "tirar-lhe o tapete". É outra maneira de dizer que a matemática é implacável, verdade que eu já desenvolvera, não só a propósito da Grécia, como para o nosso caso no início do Governo de António Costa. É claro que, como então eu disse, se aplicarmos a matemática a números errados, podemos obter o resultado que quisermos, justificando aparentemente os maiores disparates. Mas se, como é o caso referido por Cavaco, aplicarmos a matemática à realidade, então o resultado obtido mostrará o lado implacável da ciência exacta. E esse resultado só estará em concordância com a ideologia se essa ideologia estiver certa, caso contrário mostra os erros, as incongruências e as contradições da ideologia em questão. É o que Cavaco chama "tirar-lhe o tapete". Foi o que aconteceu quando Costa e Centeno tiveram de mudar de estratégia e, em vez de acabar, como prometido, com a austeridade, mudar de tipo de austeridade, tirando dinheiro a muitos a favor de dar mais algum dinheiro, não muito, só a alguns, além de, por outro lado, reduzir a despesa cortando no investimento e aplicando cortes cegos a que chamaram cativações. Quando Costa, Centeno e os seus seguidores concluem triunfantemente que afinal sempre havia uma alternativa, esquecem que a alternativa que encontraram à austeridade da troika foi um tipo diferente de austeridade, e só não foi mais porque o enquadramento económico internacional entretanto tem melhorado.

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