sábado, 29 de outubro de 2016

Reacções exageradas

O Ministro das Finanças alemão disse, segundo noticiam amplamente, «que Portugal estava a ser "muito bem sucedido até ao novo Governo"» liderado por António Costa» ter entrado em funções. É certo que há muita gente que concorda com esta afirmação, pelo menos 32% dos portugueses, como se pode concluir da votação maioritária que a coligação PàF obteve nas legislativas. Mas, mesmo assim, é manifestamente uma ingerência em assuntos de outro estado e, portanto, Schäuble deveria ter-se abstido de declarações deste tipo. Mas as reacções que se seguiram por cá são, no mínimo, desadequadas, para não dizer histéricas (excepto a de Silva Pereira que considerou que «É melhor não dar muita atenção”). António Costa foi o mais brando, mas um pouco despropositado, afirmando que "o preconceito é muito pouco inspirador para se falar com tino" e que dava "sobretudo atenção aos alemães que conhecem Portugal e, por isso, sabem do que falam". Ora parece-me que não foi o preconceito que motivou Schäuble, nem deverá desconhecer o que se passa em Portugal. É mesmo provável que esteja muito bem informado. Já Manuela Ferreira Leite acha que as «Palavras de Schäuble são "achincalhamento para qualquer governo». Não vejo como uma simples declaração sobre o governo mais bem ou mais mal sucedido pode achincalhar alguém. Não será uma frase agradável, mas não chega a ser um achincalhamento. Também Carlos César quis dar a sua opinião, declarando que Schäuble é um incendiário a vender a imagem de bombeiro” o que não me parece que venha a propósito; para incendiário, Schäuble foi muito brando. Quanto ao Bloco de Esquerda, considerou as declarações de Schäuble como "ofensivas" e apresentou no Parlamento um voto de repúdio. Afinal o Ministro alemão não achincalhou nem ofendeu ninguém, apenas considerou boa a política do Governo anterior sem adiantar grande coisa sobre se o actual era pior. Enfim, muito barulho para nada.

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