segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Prosperidade

Uma boa notícia deve, segundo os critérios jornalísticos, vir sempre acompanhada de uma má notícia, para os leitores, ouvintes ou telespectadores não se sentirem felizes durante demasiado tempo. Na verdade, estou em crer que um dos principais objectivos dos meios de comunicação é incentivar o descontentamento e o pessimismo. Apresento, a mero título de exemplo, uma notícia na revista Visão, transmitida também hoje na RTP, sobre a posição de Portugal no índice internacional de prosperidade. A notícia era óptima: Portugal manteve em 2013 o 27.º lugar no índice de prosperidade num conjunto de 142 países. Portugal é portanto um dos países mais prósperos do mundo, o que só pode ser motivo de regosijo. Claro que temos sempre a tendência para nos compararmos com países mais ricos, mais prósperos e mais felizes, mas o lugar 27 em 142 tem de ser considerado uma óptima classificação.

Mas claro que é obrigatório temperar a eventual satisfação do telespectador com uma má notícia. Ela veio logo a seguir (no caso da Visão até antecedeu a boa notícia e mereceu ênfase no título): Na área da educação, Portugal desceu 14 lugares. Pronto, lá ficamos todos mal dispostos com esta queda tão drástica. Faltou dizer em que área ou áreas teremos subido para compensar esta perda e mantermos o nível global. Como isso seria outra boa notícia, o melhor é calar.

É apenas um exemplo, mas se estivermos atentos veremos que é a regra geral: Nunca dar boas notícias sem acrescenter algo desgradável.

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