quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Erros de linguagem, de tradução e de interpretação

Assim vão os nossos meios de comunicação, ou pelo menos a nossa TV. É raro o dia em que não há um erro ou pelo menos uma imprecisão. São error de linguagem, de tradução e ainda de interpretação. É certo que são pequenos pormenores e que há problemas bem mais importantes. Mas estes erros são tão frequentes que chegam a enraivecer os ouvintes ou telespectadores.

 Alguns exemplos:
1) A maior parte dos jornalistas que lidam com a linguagem de economia e finanças, que são quase todos, já sabem que quando traduzem numa declaração em inglês a palavra "fiscal" a devem traduzir por "orçamental" e não por "fiscal". Os memorandos celebrados com a Troika estão cheios destes caosos. Vai daí e um jornalista que estava a traduzir ontem as declarações de Jean Claude Junker em francês resolveu traduzir "injustice fiscal" por "injustiça orçamental". Junker referia-se às diferenças entre a política fiscal (isto é, referente a impostos) entre vários países da zona euro. Tratava-se portanto claramente de uma questão fiscal e não orçamental. Aliás "injustiça orçamental" em francês seria "injustice budgétaire". Ainda bem que deixam ouvir as declarações em fundo na língua original; assim é possível detectar os erros, imprecisões e alterações injustificadas que são infelizmente correntes nas traduções.
2) A propósito do surto da doença dos legionários, causada pela bactéria Legionella, foi várias vezes informado que, embora uma das fontes possíveis de infecção sejam instalações de ar condicionado, isto só se refere aos grandes sistemas com circulação de água, já que a Legionella só pode viver em meio aquático. Foi explicado várias vezes que os aparelhos de ar condicionado domésticos não podem representar qualquer perigo. No entanto várias televisões ilustraram as suas reportagens com imagens de aparelhos domésticos. Parecem apostadas em causar confusão em vez de esclarecer.
3) Por vezes a culpa é do chamado acordo ortográfico, que mais não é do que um verdadeiro aborto ortográfico. Na Euronews, numa reportagem sobre negócios com divisas, a jornalista mencionou várias vezes que os profissionais deste ramo eram "correctores". Claro que como a palavra não aparecia escrita para os telespectadores, é de supor que o texto que a jornalista lia teria escrito correctamemnte "corretores", mas o AO90 manda escrever "correctores" sem "c" e daí a confusão. Porém a jornalista tinha obrigação de saber que quem trabalha com divisas faz corretagem e é um corretor, enquanto que a pessoa ou o dispositivo que tem como função corrigir é um corrector, e embora que tem o mau gosto de seguir o AO90 escreva sem "c", deve ler com "e" aberto.

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