quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A César o que é de César

Numa conferência de imprensa que teve lugar no Santuário de Fátima, a propósito da peregrinação anual do migrante e do refugiado, o director da Obra Católica Portuguesa para as Migrações disse que a Igreja deve servir de “alerta e denúncia das injustiças". Nessa linha teceu considerações sobre a "incompetência dos políticos", "incompetência" esta que é, para o orador, "fruto de uma crise de valores, de uma corrupção política e financeira que levou a que o país não tivesse condições para criar trabalhos e condições para fixar particularmente os jovens”. Concordo que o Igreja denuncie injustiças, mas ao empregar uma linguagem de generalizações populistas nas frases transcritas e em geral no seu discurso, parece-me que o director da OCPM está a ultrapassar o papel que cabe à Igreja neste campo e a tomar posições nitidamente políticas. Esquece que Jesus distinguiu entre o domínio do político e o domínio do religioso. Para mais, ao referir "os políticos" e, ao considerar que a causa da crise está na corrupção sem apontar outras causas nem reconhecer que haverá certamente entre os políticos e responsáveis alguns competentes e não corruptos, está a cometer uma injustiça flagrante.

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