sábado, 21 de junho de 2014

O jornalismo que temos

Nos canais de TV de notícias tornou-se regra inserir pequenas notícias em roda-pé enquanto no ecrã dão as notícias principais. Estas notícias de roda-pé podem ser úteis, embora se torne um pouco dofícil seguir o noticiário principal, dito pelos jornalistas ou com imagens, e ler simultaneamente os roda-pés. Mas quando a notícia principal não interessa, a leitura das pequenas notícias pode ser um modo de não estar a perder tempo à espera simplesmente de ver se a notícia seguinte já é do nosso interesse. O pior é a falta de cuidado com que frequentemente as notícias de roda-pé são redigidas. Excepto os roda-pés das manhãs, que são meras transcripções de títulos de jornais, os restantes veiculam informações frequentemente incompletas e mesmo incompreensíveis, quando não absolutamente desactualizadas. Apenas um exemplo: Hoje, Sábado 21 de Junho li na TVI24: "Multinacionais criam 10000 empregos nos serviços". É muito, é pouco, é bom, é mau? A criação de tantos empregos pelas multinacionais ocorreu em Portugal, na zona euro, na Europa ou no mundo? Ou mesmo no Afeganistão? E estes 10000 empregos foram criados num ano? Que ano? Num trimestre? Que trimestre? Num mês? Que mês? Num dia? Que dia? Claro que é muito diferente se as multinacionais criaram 10000 empregos num ano em todo o mundo, o que seria mau, ou, no limite contrário, num dia em Portugal, o que seria óptimo. Sem a mínima indicação a notícia é pura e simplesmente inútil. Neste caso a redacção é irrepreensível, mas de pouco serve, porque a informação é incompleta.

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