sexta-feira, 8 de junho de 2012

A polémica sobre António Borges

A afirmação de António Borges de que a redução de salários em Portugal não é uma política mas "uma urgência" levantou um coro de críticas de todos os sectores políticos, incluindo do próprio PSD. Os meus fracos conhecimentos de macroeconomia e o pouco rigor da informação económica de que dispomos não me permite ter a certeza se a afirmação tem alguma razão de ser. Espero bem que Portugal possa voltar a crescer e a ter uma situação financeira minimamente aceitável sem chegarmos a esse extremo. Mas, mesmo admitindo que venham a ser necessárias novas medidas de austeridade tão violentas que impliquem diminuição dos salários, no mínimo, Borges foi desajeitado na sua afirmação. E é natural que quem não esteja de acordo expresse a sua discordância e condene mesmo a declaração.

Mas não vejo que relação tem o facto de Borges ter expressado uma opinião eventualmente errada ou mesmo condenável com a sua capacidade para ajudar o Governo nas privatizações e na avaliação das parcerias público-privadas, tarefa que nada tem a ver com a grandeza dos salários. Também o facto de Borges ter ganho 225 mil euros em 2011 do FMI não parece relevante para o caso. Alguém afirmou que Borges, ao propor a diminuição de salários em Portugal deveria começar por reduzir o seu próprio ordenado. Na verdade parece que foi o que fez: Segundo a melhor informação, os 5 economistas constituem a equipa formada pelo Governo para as privatizações, incluindo Borges, custa 25 mil euros por mês, portanto, mesmo que Borges fique com a fatia de leão, não pode chegar a 225 mil por ano.

Também Seguro falha o alvo ao atacar Borges afirmando «"que o dinheiro dos contribuintes “vai para o bolso” de quem defende a baixa de salários». Claro que quem paga agora a Borges já não é o FMI mas sim os contribuintes portugueses, mas uma coisa não tem que ver com a outra e o que pagamos a Borges não tem relação com o que ele ganhou em 2011 do FMI.

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