domingo, 11 de setembro de 2011

«Como se o passado não existisse...»

Li no Quarta República:

«Como se o passado não existisse...

Ouvi parte do discurso de encerramento de António José Seguro no Congresso do PS. Realmente, como pode o PS não fazer contas com o passado, fazer de conta que não deixou uma herança pesada, rasgar a página da sua governação que conduziu o país ao abismo, criticar o governo e falar de um novo projecto de desenvolvimento para o país que é preciso começar já apostado no emprego, no crescimento e no combate à corrupção, que o futuro que querem é um novo futuro.
Está tudo muito certo, precisamos de tudo isso e de muito mais, por exemplo, de um Estado que não falhe na protecção social das pessoas que precisam efectivamente de apoio, em lugar de andar a fazer obras megalómanas e desnecessárias sem dinheiro para as pagar. Um Estado que gastou no supérfluo, agora não tem como cuidar do essencial.
Bem sei, que o novo líder do PS precisa de um novo discurso, precisa de conquistar espaço e oxigénio para respirar, mas convenhamos que não lhe ficaria nada mal, muito pelo contrário, ter sentido de humildade e reconhecimento dos erros cometidos. Sem esta catarse não terá credibilidade para ser oposição construtiva. É por estas e por outras que os portugueses estão desiludidos com a política e com os políticos...»

É exactamente o que eu pensei ao ouvir excertos dos discursos de seguro. Seguro parece muito seguro que a crise actual, o alto grau de desemprego, a necessidade de medidas duras de austeridade para combater a dívida e a recessão daí resultante são culpa exclusiva do actual Governo, porque não teve uma política que promova o crescimento nos 80 dias que leva de vida. Até parece que há 81 dias, antes de este Governo tomar posse, o desemprego, a dívida e a necessidade de medidas duras não existiam.
Bem sei que os casos não são comparáveis, mas veio-me à memória a coragem de Kruchtchov ao denunciar, no XX Congresso do PCUS, os crimes de Estalin. Agora, como diz Margarida Corrêa de Aguiar, é como se o passado não exixtisse…

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