terça-feira, 3 de outubro de 2017

Em defesa de Pedro Passos Coelho

Como disse antes, os ataques a Pedro Passos Coelho foram a nota dominante no período de propaganda eleitoral para as autárquicas, aliás no seguimento da tendência anterior. Passos Coelho foi criticado pela esquerda, pelo centro e pela direita. Os "erros" de Passos Coelho foram objecto de inúmeros artigos na imprensa e nas redes sociais e de comentários e debates, como se fosse ele o responsável da triste situação do País em termos de endividamento, crescimento anémico, desinvestimento e estagnação. Logo durante a informação dos primeiros resultados das autárquicas, foi proclamada a "tragédia", a "derrocada" e a necessidade de mudança de líder e de políticas em consequência dos "maus resultados" do partido, exclusivamente responsabilidade de Passos Coelho.

Tenho verificado que de um modo geral os "erros" apontados a Passos Coelho são principalmente de ordem de estratégia partidária e não das ideias políticas. A esquerda, essa sim, critica a ideologia de Passos Coelho e apelida-o de "neo-liberal", epíteto que enfia bem em tudo o que não é de esquerda. Fora da esquerda, critica-se o modo como dirige o partido, responsabilizando-o pelos maus resultados, mas não tanto as políticas seguidas quando primeiro-ministro ou as preconizadas quando na oposição. Veja~se um exemplo típico, em que se apontam como "erros fatais" não ter explicado ao povo a gravidade da situação herdada em 2011, não ter tido a relação mais apropriada com Paulo Portas, o ter proclamado "que se lixem as eleições", o ter anunciado o caos (ou a vinda do diabo) quando da montagem da geringonça, o ter anunciado "depois de mim, o dilúvio" e ser a "cara das más notícias", por liderar um "partido nervoso" que não gosta de estar na oposição. Todos estes "erros" podem ser reais, mas são todos erros de estratégia. A maioria dos comentadores políticos referem-se à estratégia como o aspecto principal da luta política, seguindo o exemplo de Marcelo Rebelo de Sousa quando era apenas comentador (agora é Presidente da República e continua a ser comentador, talvez mais contido). Esquecem que o que interessa ao País é que seja bem governado, e isso implica boas ideias políticas. A estratégia é só um meio de poder chegar a governar. Há que notar que o autor destas críticas começa por declarar a sua admiração por Passos Coelho e o reconhecimento de que o "país lhe deve muitíssimo", declarações com que estou perfeitamente de acordo.

Como erros do Presidente do PSD no que se refere à campanha autárquica apontam-se também o  "não ter apoiado Cristas em Lisboa", "optar por medir forças à direita"  e "fomentar e manter uma candidatura ridícula" no Porto. Mais uma vez erros estratégicos e não de linha política. Estes erros podem ter tido influência nos maus resultados nas eleições do dia 1, mas não vejo em como podem contribuir para um melhor ou pior juízo sobre as ideias políticas de Passos Coelho. Sobre os resultados das autárquicas e o modo como foram apreciados dos modos mais diversos e muitas vezes despropositados, espero vir ainda a falar.


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