quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Centenário

Do Corta-Fitas:




«Vem aí outro "centenário"
O PCP vai comemorar grandiosamente o centenário do nascimento do seu inigualável líder Álvaro Cunhal. Nada que nos deva admirar, conhecidos que são os costumes comunistas de mumificar os seus heróis. A festa é para eles e ninguém lhes retira o direito de nela participar longe de quaisquer  perturbações, dessas muitas que constam da habitual panóplia de esquemas com que a Esquerda gosta de interferir nas iniciativas que não lhe são simpáticas.
Ainda assim, ficam-nos nos olhos imagens confrangedoras, inexplicáveis. Como, por exemplo, a da fotografia de Cunhal abraçando a mãe de Catarina Eufémia, em pleno cemitério de Baleizão, em emocionada expressão prestes a verter lágrimas.
Que à sua volta se urrasse a plenos pulmões e de punho ameaçadoramente erguido - «morte aos fascistas!», não estranha. "Eles" não sabiam, "eles", alentejanos nunca saídos do Alentejo, limitaram-se a acreditar  - como muita outra boa gente - na patranha. Mas Cunhal sabia.
Cunhal, nascido em 1913, acompanhou todo o mortífero percurso de Estaline. Conheceu, in loco, a sua imensa capacidade de aniquilar. Não podia ignorar a gelada eficácia do KGB: décadas e décadas de gelada eficácia do KGB. E o quilométrico rol de balas assassinas com que se inscreveram os seus agentes na História.
Sendo assim, qual a sua autoridade moral para se pronunciar acerca dos excessos da nossa GNR?
Quantas Catarinas Eufémias eslavas (e inconformadas, também) não terá desprezado durante a sua estadia na URSS? Justificando homicidios atrás de homicidios, decerto, com o rótulo de "reaccionários" atado ao dedo do pé das vítimas...
Ninguém sente, em todo este processo, um cheiro imenso à mais revoltante impunidade?»

Eu não diria melhor. Por isso limito-me a transcrever com a devida vénia.

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