terça-feira, 6 de julho de 2010

Ricardo Salgado e o verbo haver

Estou habituado a ver ou ouvir maltratar a língua portuguesa nas televisões (para não falar das línguas estrangeiras, principalmente da francesa e da alemã, mas neste último caso com alguma desculpa, dada a reduzida divulgação que tem no nosso país). Os jornalistas são profissionais da língua, mas por vezes mostram ignorância sobre regras elementares. Um dos erros mais frequentes é o uso do verbo haver impessoal (ou de verbos auxiliares do verbo haver) no plural, principalmente quando usado no pretérito. Arrepio-me todo com estas calinadas, mas tenho uma certa compreensão quando cometidas por jovens ou por pessoas com pouca educação. Mas quando é um banqueiro que possui presumivelmente uma educação esmerada e que aprendeu a língua portuguesa nos tempos em que o ensino não era facilitista, o arrepio é mais intenso. Foi o caso, hoje, ao ouvir o Dr. Ricardo Salgado


a propósito da intervenção do Estado para impedir a venda pela PT da Vivo à Telefónica, dizer que acreditava que "possam haver" outras oportunidades de investimento. É caso para perguntar: Poderão haver outras oportunidades? Haverão estas outras oportunidades? Até agora não houveram muitas!

Desculpem-me o preciosismo. Quando está em jogo um negócio de milhares de milhões, o interesse estratégico de Portugal, o futuro da maior empresa nacional e dos seus milhares de trabalhadores, o que me impressionou foi o erro gramatical que o Presidente do BES deixou escapar, certamente não por ignorância, mas sim por distracção! Certamente que os factores que enunciei são muito mais importantes do que a conjugação do verbo haver, mas não resisti a registar o facto de até uma pessoa com a craveira intelectual e o cuidado com a linguagem do Dr. Ricardo salgado poder enganar-se.

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