terça-feira, 13 de julho de 2010

Matar o mensageiro



Estou com aqueles que denunciam os ataques às agências de notação financeira como inúteis e até perniciosos. As agências podem ter muitos defeitos, erros de apreciação, enviesamento da notação por interesses próprios ou dos seus associados, mau conhecimento das circunstâncias locais ou outros, mas os meios financeiros que podem comprar os títulos de dívida portuguesa têm em consideração as notações que estas agências emitem. Por isso bradar contra elas, acusando-as de conluio com os especuladores ou acusá-las de errar não evita que quem nos empresta dinheiro as ouça. É como se uma família muito endividada acusasse a casa de penhores de avaliar mal as peças de ouro que quer empenhar. Pode ter razão, mas não serve de nada, e, se o fizer em voz alta e armando escândalo no próprio estabelecimento que lhe pode emprestar o dinheiro necessário, só pode prejudicar a possibilidade de obter o empréstimo. O mais sensato é fazer um plano de austeridade e procurar não precisar do dinheiro dos outros. É isto que aconselha Cavaco a nível nacional e não é preciso ser grande economista para o perceber.

Uso propositadamente a expressão mais longa de "agências de notação financeira" e não de "agências de rating" porque, picuinhas como sou, não gostei que uma TV (não reparei que canal era) tivesse traduzido do francês (em legendagem), na intervenção do comissário para os serviços financeiros, Michel Barnier "agences de notation" por "agências de rating". Se há um equivalente português, porquê usar a palavra inglesa?

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