segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sinais

Apesar da pesada derrota nas eleições europeias e da inevitável assumpção da respectiva responsabilidade, detecto pequenos sinais de que Sócrates não se considera pessoalmente responsável pelo desaire. Ao dizer que é responsável "enquanto secretário-geral do PS" quer dar a entender, de forma subtil, que aceita o fardo da responsabilidade pelo cargo que ocupa no topo do partido derrotado, mas que na realidade a culpa não é dele, terá sido de circunstâncias fora das suas possibilidades de acção. Ao dizer que aceita a "responsabilidade política", destaca ainda mais que é pela posição política que ocupa que se considera responsável. Estes pequenos sinais na linguagem do discurso de derrota do secretário-geral do PS quase fazem pensar que, para Sócrates, foi uma injustiça o descalabro eleitoral, escolheu o melhor cabeça de lista, que por azar teve alguns lapsos de linguagem e por vezes se afastou da linha que ele definiu para o partido, fez um esforço enorme ao participar constantemente na campanha, defendeu corajosamente a política que o governo tem seguido e portanto merecia ganhar. A sorte não o ajudou e os malandros do PSD ultrapassaram-no. Portanto aceita, como secretário-geral, a responsabilidade política, mas no fundo não reconhece que tenha contribuído, nem por acções nem por omissão, para o desastre.
Nem outra coisa seria de esperar de Sócrates.

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