sexta-feira, 11 de maio de 2018

Sócrates sempre

O caso Sócrates volta ser actual a espaços. Tem passado por várias fases, desde os escândalos ou os casos duvidosos durante o seu governo, passando pela estadia em Paris num luxuoso apartamento, que não se sabe a quem pertence, pela publicação de um livro cuja venda em grandes quantidades foi amplamente comentada, e finalmente pela fase judicial, pela prisão, pelos interrogatórios, pelas visitas dos diferentes sectores do PS à prisão, cada um com a sua história, pela a liberdade condicional, pelas sessões com apoiantes, voltando agora a ser notícia por causa das declarações dos principais dirigentes do PS, que decidiram, finalmente, que a presença de Sócrates no PS só podia prejudicar o partido. Foi nitidamente uma operação consertada enquanto o primeiro-ministro estava no Canadá (e provavelmente decidida antes da partida do PM para essa visita). O Presidente do PS, atacou com força, as declarações de António Costa foram mais brandas, mas não menos corrosivas. Outros dirigentes tiveram posições diferentes, e algumas até de defesa do ex-PM, mas essas não tiveram eco. O mais interessante foi a troca de palavras entre Fernanda Câncio, num artigo de opinião fortemente arrasador da própria personalidade do seu ex-namorado, e as reacções que esse artigo gerou, chegando a ser classificado de "nojo". Não vou referir exaustivamente as intervenções a favor e contra estas posições, mas tratou-se de um verdadeiro combate de palavras que não sei se já se poderá dar por terminado.

Mas para mim, todas estas peripécias são secundárias tendo em atenção o aspecto político da governação do Sr. José Sócrates Pinto de Sousa. Como eu disse em 2017, considero que os erros cometidos durante o tempo em que este senhor governou o País mereciam um castigo violento. Repito que acho correcto que a má governação seja paga nas urnas, mas é preciso reconhecer que não é a má governação que está a ser julgada em tribunal, e, portanto, por muito que os crimes de que Sócrates é acusado levem a uma pena pesada, os erros de governação, que tanto mal causaram a Portugal, continuarão impunes. E, o mais grave, não me parece que esses erros tenham sido erradicados do PS, apesar dos ataques que os principais dirigentes do PS desferiram. Estes tinham por fim evitar que o PS seja prejudicado nas próximas eleições, e mais nada.

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