segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Como financiar o aumento do salário mínimo em 5% ao ano?

Não se fala de outra coisa (Bem... não é bem assim, também se fala de Almaraz): É justo e conveniente compensar as empresas por terem de suportar um aumento do salário mínimo superior ao que a inflação, o crescimento da economia e o da produtividade justificariam, concedendo-lhes um desconto na TSU? É ou não um erro, talvez um monumental tiro no pé, o facto de Passos Coelho se negar a apoiar o Governo nesta cruzada? A resposta à primeira pergunta parece-me ser que pode ser justo, mas não é conveniente. A lógica diria que, se o crescimento do salário mínimo acima da produtividade pode prejudicar as empresas, então não deveria ser aprovado. Compensações, ainda por cima à custa das receitas da Segurança Social perecem profundamente erradas. Quanto ao monumental tiro no pé que alguns acusam Passos Coelho de praticar, há muitas opiniões que não classificam assim a posição do PSD neste caso.

Mas para mim, o fundamental desta questão não está em nenhum destes aspectos, mas sim no aspecto da sustentabilidade. O acordo que o PS firmou com os partidos que apoiam o seu Governo prevê que o salário mínimo volte a aumentar em 2018 e mais ainda em 2019, até atingir os 600 € no final da legislatura. Se já em 2017 é necessário compensar as empresas para que possam suportar o custo acrescido, como pensa António Costa, se é que pensa alguma coisa, conseguir o apoio em Concertação Social nos próximos anos? Com mais descontos na TSU? Parece nitidamente impossível. Haverá outros modos sem custos que desequilibrem o orçamento? Se há, porque teve este ano de se fazer esta acrobacia? Em resumo: Como financiar o aumento do salário mínimo em 5% ao ano? Focados na dificuldade do momento, ninguém fala nisso.

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