COMENTÁRIOS SOBRE ACONTECIMENTOS DO DIA A DIA E DIVAGAÇÕES SOBRE EXPERIÊNCIAS PESSOAIS
domingo, 10 de novembro de 2013
Paul de Grauwe
Apesar de ser um talvez ilustre professor da London School of Economics, nunca tinha ouvido falar dele. Os responsáveis do ISCTE que o convidaram, certamente que o conheciam e apreciam. Claro que haverá muitos outros economistas muito ilustres em que nunca ouvi falar, já que em economia sou quase um zero à esquerda, mas o que interessa é que as opiniões deste senhor não só não me convencem como são contrárias às de muitos economistas. Também é certo que há outros que concordam com ele, e não só economistas, mas principalmente políticos e muitos do PS ou mais à esquerda. Pode ser que seja ele que tem razão e não os economistas que me parecem mais competentes, mas quando « lembrou que há uns anos Portugal era um país solvente. No entanto, as
políticas de austeridade levaram à recessão económica e aumentaram de
tal forma o endividamento que agora corre o risco de não conseguir pagar
a sua dívida» é evidente que está mal informado ou a deturpar os factos: Quando se iniciaram as políticas de austeridade, Portugal estava longe de ser um país solvente - estava à beira da bancarrota e sem o resgate não teria podido respeitar os seus compromissos. Quando diz que «toda a Europa devia estar comprometida em fazer os países como Portugal
saírem da recessão económica, já que o endividamento não é só culpa
destes, até porque para haver quem deve tem de haver quem empresta», estará a insinuar que quem nos emprestou dinheiro quando pedimos resgate tem também culpa do nosso endividamento? A Paul de Grauwe parece que Portugal escolheu ter austeridade porque quis, esquecendo que quando pedimos o resgate houve uma negociação em que nos foram impostas condições e uma delas era que, se gastávamos mais do que produzíamos, teríamos forçosamente de passar a gastar menos e isso implica sempre austeridade. E quando defende que «a necessidade de reformas estruturais em Portugal é um “mito”» é porque não conhece seguramente o estado do País, o que se confirma por dizer «Vocês [em Portugal] fizeram reformas estruturais, flexibilizaram, reformaram o mercado trabalho e não resultou». Fizemos reformas estruturais? Que eu saiba, antes do resgate só a da Segurança Social, e mesmo essa já se revelou insuficiente. Francamente, o ilustre economista deveria ter-se informado melhor sobre Portugal e a sua situação antes de emitir estas opiniões.
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