segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Reconhecimento

A despedida de Pedro Passos Coelho pode ter sido sentida por alguns com alívio, mas terá sido, certamente, o próprio o que maior alívio sentiu. Atacado, incompreendido e caluniado, Passos Coelho saiu da cena política calmamente e com dignidade. Estou com os que lhe prestaram homenagem. Em particular com Ricardo Campelo de Magalhães, que escreveu há dias n'O Insurgente: «É um tempo novo, mas não queria deixar passar a oportunidade de agradecer todo o serviço de Passos Coelho ao país. Em meu nome e em nome de todos os que apreciam uma certa forma de fazer política: Muito Obrigado!». Estou também com Luís Rosa, que escreveu no Observador outro agradecimento a Passos Coelho de que João Távora retirou para o Corta-Fitas o seguinte excerto: «
(...) Ao contrário de todos os outros, e por única e exclusiva culpa de um deles (José Sócrates), Passos Coelho teve de gerir um país à beira da bancarrota, focado que estava em cumprir um único programa de ajustamento para evitar repetir a tragédia da Grécia. Tudo ao mesmo tempo que reconstruia o tecido económico nacional com um enfoque estratégico no sector exportador de valor acrescentado que permitisse um equilíbrio sustentável da nossa Balança de Pagamentos, que construía reformas importantes na legislação laboral para atraír investimento direto estrangeiro, que criava uma legislação no arrendamento que acabou com décadas a fio de iniquidades derivadas do congelamento das rendas que promoveu o abandono e a decadência dos nossos principais centros urbanos e que liberaliza sectores estratégicos da nossa economia de forma a combater o desemprego e a promover o progresso económico.
Mais do que o “não” a Ricardo Salgado para envolver a Caixa Geral de Depósitos na viabilização de um Grupo Espírito Santo falido — o que permitiu-lhe ser coerente e consequente com um pensamento económico liberal que não vê o Estado como o motor da economia ou como o salvador promíscuo de empresas inviáveis a troco de um controlo político de instituíçoes que devem orientar-se pelo valor que criam para os seus acionistas — mais do que esse fundamental “não” que muito poucos seriam capazes de dizer, um dos contributos mais importantes de Passos Coelho para um aprofundamento da democracia portuguesa foi a construção de uma Justiça verdadeiramente independente que pôde finalmente cumprir o seu papel: escrutinar todos aqueles que se julgavam acima da lei e investigar tudo o que fosse necessário independentemente do poder político, social e económico dos respetivos protagonistas. (...) Em suma, estou com os que reconhecem a justeza da política de Passos Coelho. Temo que Portugal não o tenha merecido.

1 comentário:

Anónimo disse...

O que eu me ri com esta posta. Boa malha.