Em 1798, Thomas Malthus especificou no seu Primeiro Ensaio, que se aproximava, dentro de anos, uma crise alimentar, já que, se nada fosse feito para o evitar, a população cresceria a um ritmo exponencial, enquanto que a produção alimentar crescia a um ritmo aritmético, o que levari inevitavelmente a uma falta de alimentos. Malthus errou na sua previsão e foi muito atacado e finalmente quase esquecido por esse erro. O que se verificou nos anos seguintes foi um dramático aumento da produção agrícola, devido a novas tecnologias, de tal modo que a crise alimentar prevista não teve lugar. Sabe-se que até à actualidade a produção agrícola (com fins alimentares) tem sido suficiente para alimentar a população actual. Além disso, o crescimento populacional, embora sempre positivo à escala global, já não é exponencial, tendo sofrido um abrandamento, nomeadaente devido à diminuição do número de filhos por mulher, principalmente no Ocidente (em grande parte devido ao advento e generalização da pílula, e ao processo de liberalização da mulher), e a campanhas nos países mais populosos exactamente no sentido de diminuir a natalidade, como a lei do filho único na China, já revogada mas que teve forte impacto, e as campanhas de sensibilização para a esterilização na Índia.
Portanto, Malthus errou redondamente e não houve ainda crise alimentar geral. As suas conclusões foram fortemente atacadas e posteriormente praticamente esquecidas até ao século XX. Os optimistas de serviço concluíram então que jamais haveria crise alimentar, pois, apesar do aumento populacional contínuo, a produção alimentar continuaria a crescer o suficiente.
Mas Malthus não errou no raciocínio, apenas no modo como extrapolou a evolução temporal dos parâmetros que utilizou e,por outro lado, na limitação da análise à questão alimentar.
Mais recentemente houve outro sobressalto quando da publicação em 1972 do livro "Os Limites do Crescimento" (Edição portuguesa daa Publicações dom Quixote). Este relatório do M.I.T., da autoria de Donella Meadows, Dennis L. Meadows, Jørgen Randers e William W. Behrens II, baseado nas pesquisas dos mesmos por encargo do Clube de Roma, voltou a pôr a questão da sustentabilidade da sociedade de consumo, nomeadamente da questão alimentar e da questão ecológica, que não tinha, como é natural, preocupado Malthus. Já com ajuda de programas informáticos, Donella Meadows e colaboradores chegaram a conclusões que actualizavam e extrapolavam, desta feita com dados mais fiáveis, as previsões de Malthus. O principal dado é a evidência de que o planeta é finito, sendo também finitos, necessariamente, os recursos que se podem extrair dele para consumo ou transformação.
30 anos mais tarde, Donella Meadows deu à estampa uma actualização e uma verificação das previsões e uma apresentação da evolução dos recursos. Chegou à conclusão de que, de um modo geral, as previsões de 1972 se tinham confirmado.
Entretanto o Mundo continua entretido em coisas que podem ser importantes momentaneamente, mas que em nada contribuem para a resolução nem mesmo para a mitigação dos problemas que nos conduzem ao colapso da nossa civilização. Fala-se muito das alterações climáticas, e é combinado internacionalmente um pequeno esforço para tentar evitá-las, diminuí-las ou contrariá-las, procuram-se energias renováveis, mas estas revelam-se mais caras e a sua generalização, com o fim do uso de combustíveis fósseis, continua a ser uma miragem longínqua, mas a exploração desenfreada dos recursos continua e é a base do actual do nosso bem-estar. A adopção em massa de novas tecnologias impõe uma nova necessidade de recursos escassos. Os responsáveis políticos pensam mais no curto prazo, um pouco no médio prazo e nada no longo prazo. Quando se derem conta da necessidade urgente de mudanças drásticas, deve ser tarde.
Será que os anjos têm sexo?
COMENTÁRIOS SOBRE ACONTECIMENTOS DO DIA A DIA E DIVAGAÇÕES SOBRE EXPERIÊNCIAS PESSOAIS
terça-feira, 10 de julho de 2018
domingo, 1 de julho de 2018
Horrível
António Costa considerou que a reunião de líderes da União Europeia em que se alcançou um acordo
sobre imigração foi "uma das mais horríveis " às que
assistiu em Bruxelas. No entanto esta declaração não teve grande eco nos meios de comunicação portugueses, que optaram pelo lado positivo noticiando de preferência a declaração de Costa sobre "o grande passo em frente" conseguido sobre o euro. Sabendo as posições de Costa sobre o assunto dos migrantes, não admira que tenha considerado "horríveis" as novas medidas sobre a recepção de migrantes, embora pareça conveniente não noticiar muito essa opinião do nosso PM.
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sexta-feira, 1 de junho de 2018
Mensagem sexista
O Bloco de Esquerda, sempre atento aos problemas mais importantes e urgentes que o País atravessa, decidiu pronunciar-se sobre o filme que foi produzido no âmbito de uma campanha contra o aumento do consumo do tabaco pelas mulheres. Acusou o filme de ser sexista. E eu que pensava que agora se falava em género em vez de sexo! O filme talvez seja, qual será a palavra??, talvez seja "generista" ou "generalista" (?). Além disso é misógino. E se o filme se passasse com homens? Um grande fumador que diga ao filho para não lhe seguir o exemplo porque um desportista não fuma, será uma mensagem sexista? A questão da princesa incomoda a Dona Catarina? Talvez o exemplo do desportista também não lhe agrade. Será que o Bloco poderá ameaçar o PS de votar contra o orçamento para 2019 se o Governo não retirar o filme da divulgação em curso e programada? Não seria má ideia.
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quinta-feira, 31 de maio de 2018
Alguns sinais
Lido aqui e ali:
As exportações desaceleraram mais do que as importações e o investimento em construção travou a fundo, diz o INE
gastos em bens duradouros "abrandaram
formação bruta de capital fixo (FBCF) abrandou
economia portuguesa cresceu 0,4% no primeiro trimestre / contributo negativo da procura externa líquida
Subida do petróleo tira 0,1 pontos ao PIB português
há riscos externos e internos que ameaçam Portugal. A nível internacional, o FMI aponta para um “aumento da incerteza política em alguns dos países parceiros de Portugal”, bem como para a “volatilidade” dos mercados obrigacionistas e cambiais. “Isto é um lembrete de que as condições externas, ainda que maioritariamente favoráveis, podem tornar-se desfavoráveis”, diz o FMI. Já a nível interno, Portugal apresenta ainda o elevado nível de endividamento, pelo que “surpresas” nas taxas de juro podem ter um impacto relevante sobre a economia.
Há que ter em atenção estes sinais.
As exportações desaceleraram mais do que as importações e o investimento em construção travou a fundo, diz o INE
gastos em bens duradouros "abrandaram
formação bruta de capital fixo (FBCF) abrandou
economia portuguesa cresceu 0,4% no primeiro trimestre / contributo negativo da procura externa líquida
Subida do petróleo tira 0,1 pontos ao PIB português
há riscos externos e internos que ameaçam Portugal. A nível internacional, o FMI aponta para um “aumento da incerteza política em alguns dos países parceiros de Portugal”, bem como para a “volatilidade” dos mercados obrigacionistas e cambiais. “Isto é um lembrete de que as condições externas, ainda que maioritariamente favoráveis, podem tornar-se desfavoráveis”, diz o FMI. Já a nível interno, Portugal apresenta ainda o elevado nível de endividamento, pelo que “surpresas” nas taxas de juro podem ter um impacto relevante sobre a economia.
Há que ter em atenção estes sinais.
quarta-feira, 30 de maio de 2018
Acabou
Ainda pensei na hipótese, quando da rendição da liderança no PSD, de dar o benefício da dúvida a Rui Rio. Agora não há qualquer dúvida nem qualquer benefício. Para mim, acabou.
segunda-feira, 21 de maio de 2018
Blog 4R
4R Quarta República
Que se passa com o blog 4R, que já reuniu peças fundamentais para
compreender o descalabro da nossa democracia. Nos últimos tempo só lá
escreve Pinho Cardão, e mesmo este sem grande frequência. É ou era um blog de referência, mas agora vê-se definhando por falta de colaboração.
JM Ferreira de Almeida, Margarida Corrêa de Aguiar, Massano Cardoso, Miguel Frasquilho, Suzana Toscano,Tavares Moreira, David Justino: de que estão à espera? Já não se passa algo na política que suscite o vosso comentário?
Ou será que os cargos que ocupam lhes roubam tempo para escrever 4 linhas no 4R?
JM Ferreira de Almeida, Margarida Corrêa de Aguiar, Massano Cardoso, Miguel Frasquilho, Suzana Toscano,Tavares Moreira, David Justino: de que estão à espera? Já não se passa algo na política que suscite o vosso comentário?
Ou será que os cargos que ocupam lhes roubam tempo para escrever 4 linhas no 4R?
sexta-feira, 11 de maio de 2018
Sócrates sempre
O caso Sócrates volta ser actual a espaços. Tem passado por várias fases, desde os escândalos ou os casos duvidosos durante o seu governo, passando pela estadia em Paris num luxuoso apartamento, que não se sabe a quem pertence, pela publicação de um livro cuja venda em grandes quantidades foi amplamente comentada, e finalmente pela fase judicial, pela prisão, pelos interrogatórios, pelas visitas dos diferentes sectores do PS à prisão, cada um com a sua história, pela a liberdade condicional, pelas sessões com apoiantes, voltando agora a ser notícia por causa das declarações dos principais dirigentes do PS, que decidiram, finalmente, que a presença de Sócrates no PS só podia prejudicar o partido. Foi nitidamente uma operação consertada enquanto o primeiro-ministro estava no Canadá (e provavelmente decidida antes da partida do PM para essa visita). O Presidente do PS, atacou com força, as declarações de António Costa foram mais brandas, mas não menos corrosivas. Outros dirigentes tiveram posições diferentes, e algumas até de defesa do ex-PM, mas essas não tiveram eco. O mais interessante foi a troca de palavras entre Fernanda Câncio, num artigo de opinião fortemente arrasador da própria personalidade do seu ex-namorado, e as reacções que esse artigo gerou, chegando a ser classificado de "nojo". Não vou referir exaustivamente as intervenções a favor e contra estas posições, mas tratou-se de um verdadeiro combate de palavras que não sei se já se poderá dar por terminado.
Mas para mim, todas estas peripécias são secundárias tendo em atenção o aspecto político da governação do Sr. José Sócrates Pinto de Sousa. Como eu disse em 2017, considero que os erros cometidos durante o tempo em que este senhor governou o País mereciam um castigo violento. Repito que acho correcto que a má governação seja paga nas urnas, mas é preciso reconhecer que não é a má governação que está a ser julgada em tribunal, e, portanto, por muito que os crimes de que Sócrates é acusado levem a uma pena pesada, os erros de governação, que tanto mal causaram a Portugal, continuarão impunes. E, o mais grave, não me parece que esses erros tenham sido erradicados do PS, apesar dos ataques que os principais dirigentes do PS desferiram. Estes tinham por fim evitar que o PS seja prejudicado nas próximas eleições, e mais nada.
Mas para mim, todas estas peripécias são secundárias tendo em atenção o aspecto político da governação do Sr. José Sócrates Pinto de Sousa. Como eu disse em 2017, considero que os erros cometidos durante o tempo em que este senhor governou o País mereciam um castigo violento. Repito que acho correcto que a má governação seja paga nas urnas, mas é preciso reconhecer que não é a má governação que está a ser julgada em tribunal, e, portanto, por muito que os crimes de que Sócrates é acusado levem a uma pena pesada, os erros de governação, que tanto mal causaram a Portugal, continuarão impunes. E, o mais grave, não me parece que esses erros tenham sido erradicados do PS, apesar dos ataques que os principais dirigentes do PS desferiram. Estes tinham por fim evitar que o PS seja prejudicado nas próximas eleições, e mais nada.
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